TESTE POP

quarta-feira, 28 de setembro de 2022

 

Nota de esclarecimento*

Não sou filiado a nenhum partido político. Mesmo porque partido é partido, penso de forma integral, complexa, holística e humanizada. Mantenho minha autonomia intelectual posta e esclarecida em meus escritos. Onde apresento minha concepção de mundo fundado na ética, na filosofia e na ciência. Sempre enfatizando, não políticos, nem alguma pessoa em particular, e sim em princípios, valores e idéias emancipatórias e civilizatórias. Nessa perspectiva não posso abrir mão dos direitos humanos, direitos sociais, direitos culturais, religiosos e ambientais. Necessitamos investir em ciência, tecnologia e inovação dentro da concepção sustentável, pois esta, ao que tudo indica parece ser a melhor concepção para os desafios atuais e futuros.

Acredito que devemos lutar sempre pela democracia de alto teor, participativa, justa e solidária e não ao autoritarismo, a barbárie e a estupidez. E nisso construir uma cultura de paz e de convivência pacifica e saudável entre todos os seres vivos que coabitam este planeta, belo, raro e finito.

A vida de todos deve ser preservada e fornecida às condições de trabalho, emprego, renda, educação, saúde, moradia, transporte, lazer e cultura. Respeitando a diversidade cultural, orientação sexual e gênero. Tudo que compõem um modo de viver saudável e de qualidade.

Em relação à divindade e espiritualidade, respeito todas as crenças que cultivam um Deus do amor, da conciliação, da gratidão e que nos ensina, conforme enviou seus filho, a viver de forma civilizada, respeitosa e amorosa para com seus semelhantes e para com a natureza da qual dependemos.

Os que tiverem esta perspectiva terão de mim atenção e apoio para estabelecermos diálogos civilizatórios, sem pré-conceitos com argumentos científicos, filosóficos dados e informações corretas que a humanidade adquiriu ao longo dos séculos. 

*Paulo Bassani cientista social, filósofo, escritor e prof. universitário

sexta-feira, 23 de setembro de 2022

 


Ciência em debate: Para que e para que fins*

Conhecimentos, saberes e inovações destrutivas existiram ao longo da formação e avanço da ciência. Sabemos que é preciso distinguir a ciência e seu uso, porém não há como separar as conseqüências desse processo. Assim entendemos que não há uma única maneira de olhar para a ciência. Vejo que ela é ambígua e paradoxal desde seus primórdios. Ao mesmo tempo em que foi uma das maiores iniciativas humanas geradas pela capacidade de imaginar, pensar e criar, também ela se tornou parte da escuridão e do desencantamento no processo de viver.

O pensamento científico moderno funcional-positivista criou uma anestesia mental afirmando que temos somente isso que foi criado, o que está visível para viver. Cito Francis Fukuyama que dizia termos com isso, chegado ao final da história. Todos os caminhos e, todos os modelos já estavam inventados, criados, construídos, agora apenas temos que seguir essa lógica, aperfeiçoando-a, inovando e ampliando através de suas determinações. Engessando um mundo editado e comprovado pelo capital, com uma forma de viver, pensar, trabalhar, consumir. Toda a inovação e empreendedorismo serão editados dentro desta concepção de aperfeiçoamento do sistema, ou seja, mais do mesmo, porém com inovações técnico-científicas que garantam seu prolongamento. Isso significa uma ampliação do presente, como uma redução de nossas capacidades imaginativas e criativas.  

Ora, a história moderna se encarregou de demonstrar suas falácias, não ser boa nem, para todos os seres humanos, tão pouco para com a natureza.  A ciência no qual acreditamos, contraria a esta, divulga e trata de caminhar no sentido de agregar avanços em todas as dimensões construtivas de mundo, tendo como princípio fornecer condições dignas de vida para todos os seres humanos com preservação da biodiversidade planetária. Nesta perspectiva ela é prudente, decente, criativa e colaborativa, tendo a compreensão da finitude humana e planetária, como pressuposto. Com essa compreensão científica, de suas limitações e finitudes, poderemos dialogar para entender os processos em curso  e, do que queremos e do que podemos, assim como entender e tratar dos grandes desafios e problemas que temos pela frente e para onde estamos caminhando.

Por isso que ciência e ética devem caminhar juntas para que nos processos inventivos elas possam dialogar, entendendo as precauções, prevenções, cuidados, prudência, cautela e segurança. Aqui lembro o Princípio da Precaução, que nada mais é que a garantia contra os riscos potenciais que um determinado conhecimento técnico-científico possa ter, antes que suas manifestações diversas possam se expressar e que na origem, de maneira geral, não podem ser entendidos em sua completude. Segundo Maurício Mota, “o princípio da precaução envolve uma percepção inicial de riscos, diante da inexistência de certezas, inclusive quanto às percepções científicas”.

E sobre a incerteza da ciência em o que ela pode produzir em seus desdobramentos. Lembro do comentário de Antony Giddens, o qual afirmava: “hoje todos reconhecemos o caráter essencialmente cético da ciência, porque perdemos a ilusão da intangibilidade da certeza científica” Esta incerteza se situa num determinado tempo e espaço, por isso que todo tipo de risco deve ser considerado, que poderá gerar danos graves e irreversíveis para a humanidade. 

Mesmo porque todo o conhecimento gerado pela ciência nos coloca num paradoxo ético fundamental: Criar para que e para quem e, com que fim. Este é o questionamento de hoje.

*Paulo Bassani é sociólogo, educador e professor universitário 

Geral- Artigo - 24/09/2021  -  Santo Antônio da Platina 

 



As solitárias tentativas da reflexão*

 

Tenho dedicado boa parte de meu tempo de pensar e escrever ensaios, pois entendo serem estes frutos da intuição, para dar inicio a compreensão das coisas, das ideias e questionar porque as coisas são o que são naquilo que não entendemos no cotidiano, será sempre um primeiro olhar e tentar enxergar possíveis possibilidades, antes mesmo que elas aconteçam, este exercício alimenta o senso da clarividência, que desperta, que emerge, que se manifesta. Assim como, este procedimento, alimenta a imaginação e criatividade científica.

         Porém percebo viver em boa medida, numa solidão intelectual, pois a academia, no geral, minimiza este tipo de produção do pensamento, do conhecimento,  pois, considera inócua em sua escala de valor científico. E a sociedade, sobretudo, aquela que pouco pensa, pouco lê e, que normalmente não consegue sair do território do senso comum, trata de forma indiferente esse tipo de produção. E que dizer aos que se encontram imersos no mundo das redes sociais com suas imagens e dizeres pouco agregadores, fragmentadas, alienadoras onde delas, unicamente, deriva seu alimento de vida.

Desta maneira sigo em frente em minha solidão pedagógica de criar espaços, trilhas, mapas para o amanhã. Mesmo sabendo que elas, hoje, agreguem pouco valor para os segmentos que citei acima. Como intelectual solitário, já propus a alguns companheiros (as) amigos (as), para pensarmos e escrevermos juntos, ainda estou no aguardo de respostas positivas quanto a esta questão, que considero ser muito importante abrir este leque de diálogos e sua possível disseminação. Não cansarei de esperar, pois as boas coisas da vida acontecem no processo da espera, da maturação, da confiança e do aprofundamento.

Entretanto, não irei frear meu processo de produção do pensamento e do conhecimento que considero necessário neste nosso tempo, que designo como um tempo de travessia, um tempo experimental de novos ensaios civilizatórios.  Muitas coisas boas e más, de avanços e recuos, de consciência e inconsciência, de comédia e de tragédia estão em curso e tudo carece de análises. Tudo está em cena de forma intensa, sedentas e repletas de possibilidades de  reflexões, e não me furtarei de fazê-las com meus potenciais e meus limites analíticos.

Sou apenas um pedaço de gelo no calor do aquecimento global, um folha que sombreia, talvez apenas uma árvore que resiste ao desmatamento, ao animal que sobrevive pelas queimadas e pela caça. Estou apenas a acreditar que um novo paradigma está por emergir, seu nome pouco importa, o que importa são os valores e significados que ele carrega, para tanto tenho dedicado anos nessa reflexão, e muitas laudas escritas. Como numa fase experimental que nos encontramos, onde tudo e todos os alimentos são postos a mesa, mesmo que não saibamos do que podemos e devemos nos alimentar, em sabores e gostos que não conhecemos. Sabemos que todos devemos nos alimentar, pois estamos sedentos desse alimento, do que já conhecemos e suas benesses e de outros tantos que ainda não experimentamos, porém sabemos que possuem um bom potencial nutritivo.

Mas o importante e dar visibilidade a estas temáticas pertinentes e marcantes de nosso tempo, para que possam receber as primeiras leituras e análises. Sei que no processo dialógico surgirão outras leituras, análises, escritas. Faremos nossa parte e de maneira atenta e contributiva para despertar possíveis elementos críticos imersos em um roldão de tamanha intensidade que com elas se apresentam.

Mas não esqueço que também sou academia, também sou senso comum, também estou em redes sociais. O que tento é revarolizá-los para que em algum momento possamos nos encontrar e estabelecer os diálogos de saberes e experiências necessárias. Afinal queremos que o amanhã seja algo superior ao que está posto.

*Paulo Bassani é sociólogo, educador  e professor universitário

Geral Artigo  - Ta no Site   SAP – 02/12/2021


 




A possível recuperação do humano*

Temos que recuperar nossa capacidade de pensar e de criar algo que seja superior ao que está posto.

Há poucos meses, trabalhei a noção que instiga a todos nós, seres humanos, sobreviventes deste nosso tempo de pandemia, um tempo de incertezas e muitos desafios. Presente no vídeo “Temas que Agregam” que se encontra no Youtube: “Uma tribo de seres sensíveis: a recuperação do humano”.

 Apresento algumas possibilidades de re-encontro do humano perdido pela modernidade em curso. Lembro que a luz que clareava nossos caminhos foram escurecendo, até chegarmos numa completa escuridão. E agora necessitamos reagir, não apenas pensarmos, mas planejarmos e atuarmos para uma nova construção civilizatória. E no final, deste vídeo, chamo para o debate três escritores, poetas que marcaram nossa geração.

 O primeiro, meu conterrâneo, Mario Quintana que em toda sua bela obra escolhi esta passagem para nossa reflexão dizia: “Se as coisas são inatingíveis, ora não há motivo para não querê-las. Que triste os caminhos se não for à presença das estrelas”. Que triste os caminhos a percorrer sem nossas utopias para  alimento de indignação e esperança na caminhada, como formas inspiradoras de pensar o amanhã.

 Henfil nos deixou o seguinte pensamento: “Se não houver frutos valeu a beleza das flores, se não houver flores valeu a sombra das folhas, se não houver folhas valeu a intenção das sementes. Enquanto acreditarmos em nossos sonhos nada será por acaso”. Essa ideia de luta contínua e processual, não olhar apenas para o momento, sempre entendendo os passos e seus significados, entendendo as conquistas, mesmo as subjetivas e que todas elevam a consciência. E hoje temos que recuperar nossa capacidade de pensar e de criar algo que seja superior ao que está posto.

 Gonzaguinha, grande compositor e poeta, que com muita sensibilidade, nos deixou um belo legado, principalmente para nossa juventude, que chamava de rapaziada, no seu disco "Sementes do Amanhã" com poesia e paixão expressou a seguinte mensagem, muito pertinente e presente para pensarmos o tempo que cruzamos hoje, dizia: “Ontem um menino que brincava me falou, hoje é a semente do amanhã, para não ter medo que esse tempo vai passar. Não se desespere nem pare de sonhar. Nunca se entregue nasça sempre com as manhãs. Deixe a luz do sol brilhar, no céu de seu olhar. Fé na vida fé no homem fé no que virá, nós podemos tudo, nós podemos mais. Vamos lá fazer o que será”.

 Hoje as crianças, os jovens e pessoas conscientes críticas, que percebem a podridão do momento, são as sementes do amanhã. Sabemos que esse tempo vai passar, lutamos e aguardamos preparados para que isso ocorra. Alimentamos nossos sonhos, nossas utopias de um país melhor, de um mundo melhor. Nós podemos com consciência unirmos forças e lutar e, vamos ver o que dará. Temos a esperança de que se participarmos com nossa capacidade imaginativa e criativa vamos construir um amanhã de luz, onde o reencantamento da vida seja o ser e o estar fundante.

*Paulo Bassani é sociólogo e professor universitário em Londrina-27/ 09/2021 - Folha de Londrina- Espaço Aberto

 


 



Sobre a ciência e uma nova racionalidade*

 Ilya Prigogini em sua obra “O fim das certezas” apresenta sua concepção de ciência da seguinte forma: “Assistimos à emergência de uma ciência que não está mais limitada a situações simplificadoras, idealizadas, mas que nos coloca diante da complexidade do mundo real, de uma ciência que permite a criatividade de viver como expressão singular de um traço fundamental de todos os níveis da natureza.”..

 O autor acredita que o futuro não é dado, está em contínua construção. E somos nós os construtores desse amanhã, que começa hoje com níveis de clareza daquilo que não podemos repetir e nas inspirações daquilo que provamos e podemos aperfeiçoar. As certezas, ao que tudo indica, se acabam na construção do novo, no devir que está contido em todo e qualquer fenômeno.

O autor enfatiza sua tentativa de superar a descrição evolucionista, determinista darwiniana, destaca que nós humanos somos responsáveis para criar as diferenças entre o passado e o futuro. Se não temos a compreensão, nem tão pouco a concepção de tempo em nossas mãos, pois somos filhos do tempo e espaço em que fomos gerados, temos em nossa mente o tempo que queremos construir. Em nossas mãos está o significado da existência humana em sua forma mental e, necessitamos fazer com que este significado ganhe forma concreta na vida cotidiana. Este foi e sempre será um grande desafio, encontrar significado na concretude do chão histórico da vida. Por outro lado, na concepção mental, podemos atribuir esta busca no plano das ideias, das inspirações e encontrar significados, propósitos para a vida em seus determinantes, temporais, existências e, nesse campo, a coisa é mais complexa.  Nessa questão assim se expressa o autor: “A questão do tempo e do determinismo não se limita as ciências, mas está no centro do pensamento ocidental desde a origem do que chamamos de racionalidade...”(Prigogini,2011) Uma racionalidade criada pela lógica moderna capitalista que nos condiciona uma forma de ser e estar no mundo. Racionalidade de coisas e de produtos quantitativos e qualitativos pela relação produtiva sobre os homens, sobre a natureza.

Diante disso, em busca de significados existenciais da potencialidade humana necessitamos cultivar uma nova racionalidade encontrada nas obras de Prigogini (2011) e Leff (2006). O que Prigogine levanta é na tentativa de lançar o inicio de uma nova racionalidade que retire de cena a ideia de ciência e certeza, probabilidade e ignorância. E dar início a uma nova aventura na ciência que incorpore criatividade, imaginação, equilíbrio, prudência, decência, preservação, como uma expressão singular de nossa existência diante de tudo e de todos. Uma nova forma de enfrentar a complexa realidade de nosso mundo, retomando o caminho que perdemos, e sanando os erros que foram cometidos.  Como resume o autor propor “um novo início de um capítulo da história de nosso diálogo com a natureza.” (pág.15)

Leff (2006) agrega a racionalidade ambiental em busca de uma nova relação teoria-prática, que mobilizam as ações sociais para a sustentabilidade através de um pensamento crítico, em que para "transcender o objetivismo da racionalidade, é necessário fundar outra racionalidade produtiva, em que o valor renasceria dos significados considerados à natureza pela cultura, quer dizer, pelos valores-significados das culturas”,(Leff,2006) Entendendo que a racionalidade tradicional, sempre utilizou a natureza a seu fim, agora vamos no dialogo estabelecer outra relação próxima e respeitosa.

 O que as contribuições de Prigogine e Leff nos orientam nesse momento.  Que o devir é a condição de nosso dialogo com a natureza, não com certezas morais, mas de novas possibilidades inovadoras, sustentáveis e éticas. Nesse caminho precisamos aprender a pensar e assim incorporarmos novos elementos nesse percurso, abrindo espaços para outros pensamentos, outras ideias, trilhas e caminhos a percorrer.

*Paulo Bassani é sociólogo, educador e professor universitário

Folha de Londrina -  Espaço Aberto - 02/12/2021

 


Tarefa difícil e complexa*

intelectual é um ser pensante, que não deveria estar preso a esta ou aquela teoria, este ou aquele autor, este ou aquele partido político, esta ou aquela religião, mas ter em seu cérebro, seus estudos, capacidades de articular um conjunto enorme de explicações que obteve ao longo da história e de suas reflexões e análises e, esta não é uma tarefa fácil. Exige leitura, concentração, dedicação, tempo, discernimento, distanciamentos e aproximações. A essência de um intelectual é de que ele transcenda as ideias rasas de seu tempo, lembrando que as preocupações comuns do cotidiano, já fazem parte de suas análises. No entanto, atento, não deixa de entender o espírito de sua época diante do que é esclarecedor e o que é obscurantismo, do que é evidente e do que se esconde.

 O que o intelectual tenta é demonstrar no pensamento, as questões gerais, as questões amplas, com um olhar mais profundo, para tanto busca sempre que necessário, incorporar as experiências  que ocorrem em nosso tempo, em nosso cotidiano. Isso significa estar atento as questões globais quanto às questões locais.  Quando ouve, lê uma notícia não emite uma opinião rápida, simples, rasa. É prudente parar para pensar, verificar a veracidade, a origem, como ela se expressa, por quem e de que forma foi elaborada. Isso implica checar a fonte da informação para efetivar a  credibilidade no processo de análise.

   É comum estabelecer uma relação contextual, ampliando suas correlações, para depois estabelecer uma análise com maior fecundidade. É, necessariamente, um defensor da liberdade de expressão em suas manifestações filosóficas, artísticas, culturais e científicas. É muito complexo o livre pensar numa sociedade onde as narrativas carregam uma cegueira sobre falas e experiências que acreditam serem absolutas, ou são estas, ou nada são. Principalmente quando estas narrativas surgem de um contexto político complexo, porém de pura experimentação de algo que acredita ser a expressão única, hegemônica.

Talvez, seja um bom momento para a desconstrução, demolição das formas convencionais para, no montante de resíduos resultantes, verificar as possibilidade de aproveitamento de parte deles, selecionando-os atribuindo uma ressignificação sob a forma do novo. Agora, não bastam esses resíduos, necessitamos de outros materiais. No entanto, esses, se manifestam nos processos visíveis e invisíveis que ocorrem pelos recantos de uma realidade líquida, perversa. E aí há muito trabalho de análise, muito trabalho para explicar o curso que as coisas estão assumindo. Uma série de questões entram em cena, necessitamos cautela para enfrentá-las, necessitamos de boas cabeças para problematizar e analisar, afim de, criticamente construir e reconstruir permanentemente o pensamento. Temos que, como uma tribo de pessoas críticas e sensíveis ao pensar, ir ao encontro da esperança, da utopia que sonhamos e desejamos. Precisamos aprender sobre a natureza que é a mãe de tudo, para compreendermos mais e melhor a nossa própria natureza, e entender-se melhor como ser humano, com nossos propósitos, nossas tarefas, nossas missões. Mesmo que ainda não tenhamos identificadas, mas elas estão por aí em algum lugar.

 E, quem sabe, o fruto dessa compreensão, processo do pensar, dessa codificação, possa surgir às novas formas para estabelecer dinâmicas que sejam orientadas por outras lógicas, horizontalizadas, conscientes, emancipadas. Não há caminho para a sustentabilidade sem uma educação emancipada e crítica, com formação e capacitação de pessoas que possam compreender o significado e a natureza deste modelo embrionário. São princípios e valores que remetem a história de um novo tempo para pensá-lo e fazê-lo não apenas diferente, mas transformado. A fim de buscarmos as respostas e formas seguras, consistentes, precisamos conhecer melhor o chão onde elas ocorrem. Isso implica em conhecer e saber o que fazer, e no percurso deste conhecimento orientar nossas ações.

Hoje há milhões de brasileiros que perderam o trem. Ficaram na estação ou foram abandonados no percurso. Esse trem do crescimento, do progresso, do desenvolvimentismo não para de se manifestar e, a cada dia, deixa mais pessoas pelo caminho. Os intelectuais, pensadores, não podem negar esta realidade. Deverão estimular as transformações que elevem todos os sujeitos a um envolvimento necessário, dos contatos entre seres com seus direitos cidadãs garantidos para compor o ambiente de dignidade e qualidade, inicialmente do território onde vivem e na seqüência de sua amplitude universal. Porque temos esta tarefa: pensar e propiciar, como fruto desse pensamento, coisas boas coisas que emancipam os seres humanos a outro estágio civilizatório.

*Paulo Bassani é Sociólogo e Professor Universitário

Folha de Londrina - Espaço Aberto - Pág. 02, Londrina – PR – 27/12/2021

quinta-feira, 22 de setembro de 2022

     


                                               http://geamauel.blogspot.com/


quarta-feira, 21 de setembro de 2022


 

Árvore, vida e aprendizado*

 

Somos nós que contemplamos,

Somos nós que agradecemos,

Somos nós que respiramos,

Somos nós que apreciamos sua beleza,

Somos nós que admiramos sua paciência,

Somos nós que não temos essa firmeza,

Somos nós que não toleramos,

Somos nós que não fornecemos sombra aos outros.

Somos nós que não temos cores

Somos nós que não somos verdes, amarelos, vermelhos, roxos e tantas outras tonalidades.

Somos ramos sem  frutos,

Somos nós que nada apreendemos desse mundo.

Somos nós que temos pressa,

Somos nós que poluímos,

Somos nós que matamos,

Somos nós que derrubamos,

Somos nós que destruímos,

Somos nós que artificializamos,

Somos nós que não observamos os detalhes

Somos nós que julgamos os outros,

Somos nós carregamos o ódio,

Somos nós que cultivamos a estupidez,

Somos nós que admiramos a insensatez,

Somos nós que pouco aprendemos da natureza.

Se parte somos da teia da vida,

A parte que pensa.

De fato devemos apreender muito ainda

Com você árvore, natureza,

Firme fértil sensível e bela.


*Paulo Bassani, sociólogo, poeta, escritor e prof. universitário

terça-feira, 20 de setembro de 2022


 n

Possibilidades sustentáveis e democráticas nas cidades*
"Quanto mais atores preparados, conscientes estiverem em cena, maior será a forma democrática que entendemos ser ideal."

Não há democracia sem o exercício das práticas democráticas em todas as dimensões da vida e estas vão muito além do voto. Quanto mais atores preparados, conscientes estiverem em cena, maior será a forma democrática que entendemos ser ideal: participativa, justa e transformadora. Isso significa incorporar todos os atores no processo de socialização entre a população e o poder público, moldando formas emancipadas, solidárias, colaborativas, transparentes, éticas.
Definindo uma agenda de participação e mobilização social para realizar as transformações sociais, econômicas, políticas e culturais necessárias para o bem viver urbano, para que a cidade se torne um espaço de vida de qualidade, que inclua que acolha a todos como protagonistas de um processo em permanente construção nessa busca. Para tanto se faz necessário a ampliação dos canais de participação popular, reconhecendo a heterogeneidade dos atores, das práticas e dos interesses urbanos. Isso para observar e valorizar as práticas democráticas invisíveis que se desenvolvem nos diversos espaços desse território. Observar as formas de participação direta e indireta nos processos de articulação e mobilização, deliberação e definição das estratégias de ação.
Vivemos um tempo em que o estado, em suas diferentes dimensões: nacional, estadual e municipal tende a diminuir sua presença na sociedade. Nisso os atores-cidadãos terão funções específicas para colaborar para a instalação de uma sociedade compartilhada, colaborativa e sustentável, através de uma gestão horizontalizada com regulação social que permita o controle e participação dos rumos urbanos.
As experiências apontam que o modelo de organização civilizatória em curso, não são adequados, posto que, apesar de somente poucos se apropriarem, é desmobilizador, lembrando que tudo é dinâmico e interdependente. O estado tende a diminuir sua ação e o mercado não tem a capacidade de assumir a lógica a que propomos sua lógica e atenção, no geral, estão associadas à ampliação e especulação dos espaços urbanos.
Faz-se fundamental outro olhar para as pessoas que vivem no território urbano para que se transforme num espaço-tempo, lugar que acolha a todos, com senso de pertencimento, oferecendo as condições de habitabilidade, em suas múltiplas feições. Lembrando que nosso tempo é caracterizado pela ação sem reflexão, necessitamos de ação com reflexão somando-se as novas experiências humanas e, desta forma, construir democracias de alta densidade, de qualidade, de prudência, de equilíbrio e cuidado.
A isto chamamos de edificação de redes solidárias, comunitárias fortalecendo formas de sociabilidade e resistência, diante de formas individualistas e privativas do saber, das experiências, do poder, da produção e da distribuição. Com esta ênfase minimizam-se os impactos ambientais urbanos e promovem-se formas efetivas de participação das populações na produção e nos resultados.
Posto que a compreensão de hoje exige que se relacionem todas as manifestações da vida humana com todas as demais existente. Um mapa urbano desenhado a muitas mãos e, que trace linhas de coexistência do todo e das partes e, que recupere o encantamento que o formato dominante tende a obstruir.

*Prof. Dr. Paulo Bassani é Sociólogo
Professor convidado da FANORPI
Fonte: Geral - ARTIGO – TÁ no SITE - SAP- 19/07/2021


Natureza e Sensibilidade*

Não quero dizer o que pensar
Não quero dizer o que fazer
Não quero direcionar ninguém
Quero apenas lembrar
Que somos seres criativos, imaginativos e sensíveis
E podemos criar novos jeitos de viver,
Novos jeitos de caminhar,
Que poderão determinar o que pensar,
O que fazer,
Para onde nos direcionar.
Na poesia, na arte, na ciência e na filosofia
Há inúmeros caminhos
Ainda não percorridos
Com um novo olhar
Vamos traçar essas possibilidades
Que emergem sempre que o sol brilha,
Sempre que chuva cai
Quando a árvore cresce
E a brisa nos envolve,
Tudo nos enfatiza o viver,
Com a sensibilidade que está presente
Na teia da vida que nos rodeia
Que nos alimenta,
Que nos ressignifica
Que nos resulta..

*Paulo Bassani poeta, sociólogo, ensaísta e professor universitário

 


 

Desafios intelectuais de nosso tempo*
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O intelectual no século passado se colocava a vanguarda dos movimentos sociais, hoje deve se colocar na retaguarda dos mesmos. Exercer uma espécie de termômetro para sentir a temperatura que emerge do cotidiano organizado em suas mais diferentes manifestações. Observando e fazendo as leituras de realidade que estão, embrionariamente, sendo costuradas a todo o momento. Pois tenta estabelecer estas aproximações para que possa corresponder a uma ideia de realidade e seu desafio é o fato de sempre tentar fixar o que se move, Cândido Grzybowski afirma “Esta é a sina de quem pesquisa: fixar com maior sentido possível o que se move”. E isso é sempre complexo.
Como hoje estamos contaminados de "tecnolatria" e "mercolatria". Os indivíduos de nosso tempo facilmente e, de forma natural, se deixam levar pelas tecnologias que controlam nosso tempo e, pelo mercado que definem o sentido de vida, ou seja, esses dois aspectos associados determinam tudo no viver de um tipo de mundo imperante, sentem e vivenciam a condição humana que se juntam às redes sociais. Estas nos colocam o entretenimento e mercado como única forma de ver e sentir o mundo. Com isso negamos a cultura, o grau mais elevado de formação de nossa consciência e de nosso espírito, como algo abnegado.
Com o tempo todos nós estaremos em contato com a "imbecialidade" que nos atormenta, e os imbecis são de fácil sugestionabilidade. Ortega y Gasset enfatizava “O que diferencia os homens e os imbecis é o espírito”. Este espírito crítico pouco cultivado em nosso tempo, que nos reduz em pessoas, sem um pensar crítico de ouvir, de falar, de refletir, as formas de ser e sentir o mundo.
Isto nos conduz a uma carga egoística sem precedentes, ou também como se referia Gerd Bornheim, que somos hoje muito mais que egoístas, somos egotistas, seres reduzidos a nós mesmos, a manifestação das redes sociais, com seu self, hoje determinantes enaltecem essa sensação.
E nessa esteira que o intelectual necessita desenvolver uma capacidade da clarividência, que nada mais é senão a capacidade de ler o presente e o futuro, e visualizar o amanhã, que ainda não existe. Mas que pela forma como os construtos do pensar e olhar as realidades carregam uma preocupação muito grande. Essa capacidade precisa se traduzir de forma científica, pela leitura e pelo pensar, pela atenção no movimento das peças nesse grande tabuleiro de realidade nesta alta modernidade.
Nos movimentos sociais, pró sociedade humana justa e democrática, como vidas negras importam, preservação da natureza, direitos humanos e sociais, e hoje todas as preocupações para enfrentamento da pandemia da Covid-19 que parece não ter fim, sendo que os que mais sofrem são os desempregados, os trabalhadores informais e todas aqueles que não foram incorporados nas benesses do capital. Assim os intelectuais neles envolvidos, concentram-se na construção crítica e nas transformações desse conhecimento que está emergindo. Isso, em geral, ajuda o movimento a avançar no conhecimento e a leitura de possíveis alcances nas sociedades em transformações.
A presença dos intelectuais, que conduzidos pela capacidade filosófica ou científica está repleta de ambiguidades. Por um lado não há como concorrer com as redes sociais e a enormidade de imbecis que a conduzem, em sua maior densidade. Por outro que cada vez mais surgem poucos que se dedicam ao conhecimento produzido de forma séria, crítica e transformadora.
Assim não pode o intelectual entrar numa seara de mera informação não contemplada pela análise necessária, sendo que esta exige tempo e disciplina do pensar, mas o mundo que vivemos não espera, não aguarda e aí os espaços de vulgarização tendem a dominar falatório explicativo, a inteligência, por outro lado, que vai além da razão moderna, deve se moldar na imaginação e na criatividade necessárias. E como elas são necessárias em nosso tempo!

*Paulo Bassani é sociólogo, escritor e professor universitário
Folha de Londrina 30/07/2020 – Espaço Aberto,p.02 - Londrina - PR


 


 


 


 


XVI - Simpósio Nacional de Iniciação Científica - UNIFIL
19 de outubro de 2022 - Londrina - Paraná
Participarei da Mesa Redonda:
"O papel da extensão na formação acadêmica"
14 às 15 hs


 

segunda-feira, 19 de setembro de 2022



Grande e bela homenagem ao amigo João das Águas neste domingo de sol no Lago Igapó I em londrina -PR. Seu legado jamais será esquecido. Remar e navegar pelas águas da vida.

Foram lidos dois de meus escritos que realizei em homenagem e lembrança do João.
I- REMAR É PRECISO (lido por Luiz Figueira) e II- SEMEADOR DE UTOPIAS (lido por mim)
Um momento de muita emoção !




 

Remar é preciso*

 

Com quantas águas se faz um João!

Não um João qualquer, um João das Águas.

Que conhecia todas as águas,

Doces e salgadas,

Límpidas e contaminadas.

Águas de rios,

Águas de lagos,

Águas de mares.

Remando percorreu corredeiras,

Percorreu córregos,

Até então desconhecidos.

Percorreu pelas águas

Denunciando a contaminação

Pela estupidez humana,

Lixo e todo tipo de poluição

Visível e invisível.

E chorava com suas lágrimas

Como querendo despoluir

Para que voltassem ao seu estado de origem.

Quantas águas percorridas

Com barcos, canoas, caiaques

E com seu barco fruto de sua criatividade.

Quantas noites, quantos serenos

E quantas luas e estrelas entre

As remadas e os sonhos.

Hoje não há mais João por essas águas,

Foi remar em outras águas.

Criar outros barcos,  crie dezenas deles,

Pois necessitamos de novas embarcações para

Navegar por águas desconhecidas,

E como são desconhecidas as águas que percorremos

E esperamos que você, como sempre,

Aponte-nos os caminhos, as trilhas.

Em direção as origens,

Das águas e de nossas vidas.

Navegue rumo ao infinito,

Pela massa escura, pelo éter

Desviando de cometas e asteróides

Sabemos que cruzará tranqüilo pelas nebulosas

Com sua habilidade de remar.

Entre galáxias, estrelas e planetas,

Quantas águas para conhecer,

Para preservar, para navegar.

Ao teu lado rema

A mão divina te orientando

Que o criador te receba para novos desafios

O de remar rumo ao infinito do universo.

 *Paulo Bassani Sociólogo, Professor Universitário, Escritor e amigo de João.

  Série  Água da fonte Paulo Bassani Simples assim*   Os problemas aparecem As dificuldades inúmeras Poucas saídas apontam E as ...