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Possibilidades sustentáveis e democráticas nas cidades*
"Quanto mais atores preparados, conscientes estiverem em cena, maior será a forma democrática que entendemos ser ideal."
Não há democracia sem o exercício das práticas democráticas em todas as dimensões da vida e estas vão muito além do voto. Quanto mais atores preparados, conscientes estiverem em cena, maior será a forma democrática que entendemos ser ideal: participativa, justa e transformadora. Isso significa incorporar todos os atores no processo de socialização entre a população e o poder público, moldando formas emancipadas, solidárias, colaborativas, transparentes, éticas.
Definindo uma agenda de participação e mobilização social para realizar as transformações sociais, econômicas, políticas e culturais necessárias para o bem viver urbano, para que a cidade se torne um espaço de vida de qualidade, que inclua que acolha a todos como protagonistas de um processo em permanente construção nessa busca. Para tanto se faz necessário a ampliação dos canais de participação popular, reconhecendo a heterogeneidade dos atores, das práticas e dos interesses urbanos. Isso para observar e valorizar as práticas democráticas invisíveis que se desenvolvem nos diversos espaços desse território. Observar as formas de participação direta e indireta nos processos de articulação e mobilização, deliberação e definição das estratégias de ação.
Vivemos um tempo em que o estado, em suas diferentes dimensões: nacional, estadual e municipal tende a diminuir sua presença na sociedade. Nisso os atores-cidadãos terão funções específicas para colaborar para a instalação de uma sociedade compartilhada, colaborativa e sustentável, através de uma gestão horizontalizada com regulação social que permita o controle e participação dos rumos urbanos.
As experiências apontam que o modelo de organização civilizatória em curso, não são adequados, posto que, apesar de somente poucos se apropriarem, é desmobilizador, lembrando que tudo é dinâmico e interdependente. O estado tende a diminuir sua ação e o mercado não tem a capacidade de assumir a lógica a que propomos sua lógica e atenção, no geral, estão associadas à ampliação e especulação dos espaços urbanos.
Faz-se fundamental outro olhar para as pessoas que vivem no território urbano para que se transforme num espaço-tempo, lugar que acolha a todos, com senso de pertencimento, oferecendo as condições de habitabilidade, em suas múltiplas feições. Lembrando que nosso tempo é caracterizado pela ação sem reflexão, necessitamos de ação com reflexão somando-se as novas experiências humanas e, desta forma, construir democracias de alta densidade, de qualidade, de prudência, de equilíbrio e cuidado.
A isto chamamos de edificação de redes solidárias, comunitárias fortalecendo formas de sociabilidade e resistência, diante de formas individualistas e privativas do saber, das experiências, do poder, da produção e da distribuição. Com esta ênfase minimizam-se os impactos ambientais urbanos e promovem-se formas efetivas de participação das populações na produção e nos resultados.
Posto que a compreensão de hoje exige que se relacionem todas as manifestações da vida humana com todas as demais existente. Um mapa urbano desenhado a muitas mãos e, que trace linhas de coexistência do todo e das partes e, que recupere o encantamento que o formato dominante tende a obstruir.
*Prof. Dr. Paulo Bassani é Sociólogo
Professor convidado da FANORPI
Fonte: Geral - ARTIGO – TÁ no SITE - SAP- 19/07/2021
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