A possível
recuperação do humano*
Temos que recuperar nossa capacidade de pensar e de criar algo que seja superior ao que está posto.
Há poucos meses, trabalhei a noção que instiga a todos nós, seres
humanos, sobreviventes deste nosso tempo de pandemia, um tempo de incertezas e
muitos desafios. Presente no vídeo “Temas que Agregam” que se encontra no
Youtube: “Uma tribo de seres sensíveis: a recuperação do humano”.
Apresento algumas
possibilidades de re-encontro do humano perdido pela modernidade em curso.
Lembro que a luz que clareava nossos caminhos foram escurecendo, até chegarmos
numa completa escuridão. E agora necessitamos reagir, não apenas pensarmos, mas
planejarmos e atuarmos para uma nova construção civilizatória. E no final,
deste vídeo, chamo para o debate três escritores, poetas que marcaram nossa
geração.
O primeiro, meu conterrâneo, Mario Quintana que em toda sua bela
obra escolhi esta passagem para nossa reflexão dizia: “Se as coisas são
inatingíveis, ora não há motivo para não querê-las. Que triste os caminhos se
não for à presença das estrelas”. Que triste os caminhos a percorrer sem nossas
utopias para alimento de indignação e esperança na caminhada, como formas
inspiradoras de pensar o amanhã.
Henfil nos deixou o seguinte pensamento: “Se não houver frutos
valeu a beleza das flores, se não houver flores valeu a sombra das folhas, se
não houver folhas valeu a intenção das sementes. Enquanto acreditarmos em
nossos sonhos nada será por acaso”. Essa ideia de luta contínua e processual,
não olhar apenas para o momento, sempre entendendo os passos e seus
significados, entendendo as conquistas, mesmo as subjetivas e que todas elevam
a consciência. E hoje temos que recuperar nossa capacidade de pensar e de criar
algo que seja superior ao que está posto.
Gonzaguinha, grande compositor e poeta, que com muita
sensibilidade, nos deixou um belo legado, principalmente para nossa juventude,
que chamava de rapaziada, no seu disco "Sementes do Amanhã" com
poesia e paixão expressou a seguinte mensagem, muito pertinente e presente para
pensarmos o tempo que cruzamos hoje, dizia: “Ontem um menino que brincava me
falou, hoje é a semente do amanhã, para não ter medo que esse tempo vai passar.
Não se desespere nem pare de sonhar. Nunca se entregue nasça sempre com as
manhãs. Deixe a luz do sol brilhar, no céu de seu olhar. Fé na vida fé no homem
fé no que virá, nós podemos tudo, nós podemos mais. Vamos lá fazer o que será”.
Hoje as crianças, os jovens e pessoas conscientes críticas, que
percebem a podridão do momento, são as sementes do amanhã. Sabemos que esse
tempo vai passar, lutamos e aguardamos preparados para que isso ocorra.
Alimentamos nossos sonhos, nossas utopias de um país melhor, de um mundo
melhor. Nós podemos com consciência unirmos forças e lutar e, vamos ver o que
dará. Temos a esperança de que se participarmos com nossa capacidade
imaginativa e criativa vamos construir um amanhã de luz, onde o reencantamento
da vida seja o ser e o estar fundante.
*Paulo Bassani é sociólogo e professor
universitário em Londrina-27/ 09/2021 - Folha de
Londrina- Espaço Aberto
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