As solitárias
tentativas da reflexão*
Tenho
dedicado boa parte de meu tempo de pensar e escrever ensaios, pois entendo
serem estes frutos da intuição, para dar inicio a compreensão das coisas, das
ideias e questionar porque as coisas são o que são naquilo que não entendemos
no cotidiano, será sempre um primeiro olhar e tentar enxergar possíveis
possibilidades, antes mesmo que elas aconteçam, este exercício alimenta o senso
da clarividência, que desperta, que emerge, que se manifesta. Assim como, este
procedimento, alimenta a imaginação e criatividade científica.
Porém percebo
viver em boa medida, numa solidão intelectual, pois a academia, no geral,
minimiza este tipo de produção do pensamento, do conhecimento, pois,
considera inócua em sua escala de valor científico. E a sociedade, sobretudo, aquela
que pouco pensa, pouco lê e, que normalmente não consegue sair do território do
senso comum, trata de forma indiferente esse tipo de produção. E que dizer aos
que se encontram imersos no mundo das redes sociais com suas imagens e dizeres
pouco agregadores, fragmentadas, alienadoras onde delas, unicamente, deriva seu
alimento de vida.
Desta maneira sigo em frente em minha solidão pedagógica de
criar espaços, trilhas, mapas para o amanhã. Mesmo sabendo que elas, hoje,
agreguem pouco valor para os segmentos que citei acima. Como intelectual
solitário, já propus a alguns companheiros (as) amigos (as), para pensarmos e
escrevermos juntos, ainda estou no aguardo de respostas positivas quanto a esta
questão, que considero ser muito importante abrir este leque de diálogos e sua
possível disseminação. Não cansarei de esperar, pois as boas coisas da vida
acontecem no processo da espera, da maturação, da confiança e do
aprofundamento.
Entretanto, não irei frear meu processo de produção do
pensamento e do conhecimento que considero necessário neste nosso tempo, que
designo como um tempo de travessia, um tempo experimental de novos ensaios
civilizatórios. Muitas coisas boas e más, de avanços e recuos, de
consciência e inconsciência, de comédia e de tragédia estão em curso e tudo
carece de análises. Tudo está em cena de forma intensa, sedentas e repletas de
possibilidades de reflexões, e não me furtarei de fazê-las com meus
potenciais e meus limites analíticos.
Sou apenas um pedaço de gelo no calor do aquecimento global,
um folha que sombreia, talvez apenas uma árvore que resiste ao desmatamento, ao
animal que sobrevive pelas queimadas e pela caça. Estou apenas a acreditar que
um novo paradigma está por emergir, seu nome pouco importa, o que importa são
os valores e significados que ele carrega, para tanto tenho dedicado anos nessa
reflexão, e muitas laudas escritas. Como numa fase experimental que nos
encontramos, onde tudo e todos os alimentos são postos a mesa, mesmo que não
saibamos do que podemos e devemos nos alimentar, em sabores e gostos que não
conhecemos. Sabemos que todos devemos nos alimentar, pois estamos sedentos
desse alimento, do que já conhecemos e suas benesses e de outros tantos que
ainda não experimentamos, porém sabemos que possuem um bom potencial nutritivo.
Mas o importante e dar visibilidade a estas temáticas
pertinentes e marcantes de nosso tempo, para que possam receber as primeiras
leituras e análises. Sei que no processo dialógico surgirão outras leituras,
análises, escritas. Faremos nossa parte e de maneira atenta e contributiva para
despertar possíveis elementos críticos imersos em um roldão de tamanha
intensidade que com elas se apresentam.
Mas não esqueço que também sou academia, também sou senso
comum, também estou em redes sociais. O que tento é revarolizá-los para que em
algum momento possamos nos encontrar e estabelecer os diálogos de saberes e
experiências necessárias. Afinal queremos que o amanhã seja algo superior ao
que está posto.
*Paulo Bassani é sociólogo, educador e professor universitário
Geral Artigo - Ta no Site SAP – 02/12/2021
Nenhum comentário:
Postar um comentário