TESTE POP

terça-feira, 28 de novembro de 2023


Série 
Poemas contemporâneos


A casinha ao lado*


Lembro daquela casinha de madeira

Um lugar de tudo necessário para a casa

Um depósito de lenha, de materiais

Para remover a terra, pra criar algo

De martelo de serrote, pregos e fios.

E o velho triciclo, quantas voltas,

Quantas pinturas.

Lá brincava de montar carrinhos de rolimã

Sempre com criatividade diante do pouco

Material existente.

Lá brincava com o barro para montar troféus

Para o futebol, estatuetas, cinzeiros,

E algumas outras formas inusitadas.

Minha mãe observava,

Meu pai dizia veja só.

O brincar era o criar algo

Com a madeira, alguns pregos

Com o barro e alguns contornos imaginativos

Tudo se transformava numa realização

Numa obra sui generis de criança.

Com valor da leveza sem cobrança

Nem compromisso de ser um construtor

Um artista, um inventor.

Tudo era o desvelo de ser pequenino

Criando sua própria forma de brincar,

Sua própria forma de ser.

  *Paulo Bassani 


 

domingo, 26 de novembro de 2023


Programa

Sintonia Verde

Episódio 17

I ° Temporada 

"A natureza e os humanos"

Paulo Bassani

Tv Braga brasil

https://youtu.be/aueiOHJ6VlI?si=s547cnb8lpZUDqUK

 




sábado, 25 de novembro de 2023

 Ensaio

Santo Antônio da Platina

Artigo

24/11/2023

https://www.portaltanosite.com/artigo



 Inspiração científica tão necessária*

 

O período que abrange o final do século XX até as primeiras décadas do século XXI é notável por uma complexidade e ambiguidade intrínsecas à contemporaneidade, caracterizado por promessas e frustrações. Este intervalo temporal parece simultaneamente ancorado no passado e projetado no futuro, desdobrando-se de maneira desarticulada e imprecisa em relação a diversos aspectos. Neste contexto, Boaventura de Sousa Santos (2003) sustenta que "todo conhecimento científico é socialmente construído, possuindo limites que podem ser ultrapassados, e sua objetividade não implica necessariamente neutralidade". Ademais, ressalta que "a ciência, ao romper com o senso comum, deve evoluir para um novo e mais esclarecido senso comum". Para tanto, o conhecimento científico deve contemplar as profundas transformações que ocorrem em todas as dimensões formadoras da realidade.

A natureza do conhecimento científico é intrinsecamente moldada pelo contexto do observador e analista, cuja perspectiva é delineada por sua interpretação e imaginação científica. Neste sentido, a interação entre o conhecimento científico e o senso comum não deve ser conflituosa, mas sim uma relação equilibrada e respeitosa com as experiências cotidianas, as quais constituem a base da geração do conhecimento científico necessário.

A apreensão do mundo ocorre por meio do contato e das interações socioeconômicas e culturais, que, em conjunto, configuram um mundo multifacetado, caracterizado por diversas determinações que se manifestam de maneira direta e indireta, variando em intensidade. O senso comum, que permeia a vida cotidiana, é caracterizado por ambiguidades, contradições e múltiplas manifestações simultâneas, constituindo uma tarefa desafiadora para o pesquisador. A distinção entre o real e o aparente é complexa, demandando uma análise profunda e atenção aos fatores inter-relacionados que se auto-determinam, determinando contextos complexos em constante transformação.

É crucial reconhecer que a ciência representa um modo distinto de apreender a realidade, fundamentado em preceitos epistemológicos diferentes de outras formas de conhecimento, como religião, senso comum e, atualmente, as redes sociais. A ciência possui sua própria cognição, estabelecendo correlações entre fatores que revelam e explicam contextos ou fenômenos específicos. Isso implica na capacidade de desenvolver sistemas explicativos capazes de lidar com as diversas influências fenomenológicas presentes nas complexas manifestações da sociedade contemporânea, tais como heterogeneidade, diversidade e o contexto de cada ação social correspondente.

Estabelecer como chegamos a pensar o que pensamos e agir como agimos é uma tarefa científica que envolve uma profunda inserção metodológica, atenta a diferentes fatores e dimensões fenomenológicas que determinam o tecido social na alta modernidade.

Uma das principais características da ciência, em nosso tempo, reside em sua capacidade de construir um espaço dialógico para a troca de conhecimento e ideias, alimentando o debate na construção de um corpo de conhecimento científico amplamente aceito e tolerante. Isso pode ser compreendido como a formação de uma comunidade científica, na qual os saberes, mesmo desconhecidos e distantes entre si, são compartilhados por meio de ensaios, artigos, revistas, livros, palestras, cursos e seminários circulantes nos meios acadêmicos e centros de pesquisa.

Esse processo visa criar um ambiente propício para o pensamento, reflexão e crítica em relação aos processos, fatos e fenômenos abordados. Apesar da existência de uma hierarquia de saberes e critérios de validação de conhecimento na comunidade científica, é fundamental reconhecer que sempre há espaço para a imaginação e criatividade, capazes de ultrapassar barreiras em busca de novas formas de produzir conhecimento, adaptando-se às dinâmicas em constante transformação que enfrentamos.

A ciência avança constantemente, criando sempre a perspectiva e a possibilidade aberta de pensar novas formas, novas maneiras em que os fatos e fenômenos analisados, por serem produtos históricos, determinam-se num determinado tempo/espaço, carregando consigo teses e antíteses, afirmações e negações, dúvidas e incertezas. Processos dialéticos que fazem e refazem a ciência de nosso tempo, onde nada é estático, tudo se transforma, e a ciência segue esse caminho. Qualquer tentativa de reter essa concepção se prende a um negacionismo que busca ocupar o espaço crítico e transformador da ciência. Nossa convicção em relação a esta batalha é de que devemos persistir em construtos científicos com as características que apontamos no texto.

   *Paulo Bassani é cientista social, escritor.

            **Gabriel Barbosa Bassani é geógrafo 

quinta-feira, 23 de novembro de 2023

Apresentação do Manual de Indicadores de Desenvolvimento 2023 e a XII Pesquisa de Percepção da População sobre Londrina. 

30 de novembro, quinta-feira, às 8h00 na Associação Medica de Londrina

Londrina - PR - Brasil

Prof. Paulo Bassani 

membro do FDL




domingo, 19 de novembro de 2023

Programa 

Sintonia Verde
Episódio 16

I°Temporada
"A natureza e os humanos"

Paulo Bassani
TVBraga brasil

  


quinta-feira, 16 de novembro de 2023

Série - Poemas Contemporâneos


 

Não a insensatez da guerra da fome!


Morrer vamos todos!

Sim porque somos mortais e finitos.

Porém, morrer pela estupidez das guerras e da fome

Ambas criações humanas, nada há de sensatez

Nessa atitude gerada por quem não vai à guerra

E por quem não sente fome.

Tudo indica ser uma grande ausência de humanidade

Da falta de civilidade, de sensibilidade, de ética,

De compaixão de respeito à vida.

Nada há nada para agregar, reconhecer nesse quadro dantesco

Com o interesse de poder, acumulação.

Produzir e vender armas

Produzir e ter excedente de alimentos

Para estocagens futuras.

Tirar a vida de crianças, jovens

Homens e mulheres com história e vida pela frente

É negar a liberdade, negar o direito a vida,

Negar o direito de viver seus sonhos, suas utopias.

Ninguém tem esse direito exterminador!

Nada de nobre e civilizatório há nisso

Somente o desprezo a quem gera guerras e fome.


*Paulo Bassani


domingo, 12 de novembro de 2023


Programa 

Sintonia Verde
Episódio 15

I°Temporada
"A natureza e os humanos"
Paulo Bassani
TVBraga brasil

 





 

sexta-feira, 10 de novembro de 2023

 


Folha de Londrina -Espaço Aberto

10/11/2023 - Londrina - PR


Eliot poeta marcante da modernidade*

 

O escritor Thomas Stearns Eliot, renomado poeta, escritor e dramaturgo nascido nos Estados Unidos e, com grande parte de sua vida passada em Londres, Inglaterra, é amplamente considerado um dos mais influentes modernistas literários do século XX, tendo vivido de 1888 a 1965. Eliot legou uma obra extraordinária repleta de reflexões que permanecem extremamente pertinentes na atualidade, especialmente em um contexto dominado pelas redes sociais e seus discursos frequentemente superficiais e incoerentes. Uma de suas célebres citações, que ressoa de maneira notável nos dias atuais, é a seguinte: "Numa sociedade de fugitivos, aquele que anda na direção contrária parece que está fugindo."

Sua vasta erudição nos campos humanístico, filosófico e literário permitiu que expressasse sua inquietação como escritor. Eliot foi influenciado pelo poeta Charles Baudelaire e, em 1948, foi agraciado com o Prêmio Nobel de Literatura em reconhecimento ao conjunto de sua obra.

Sua escrita era caracterizada por uma postura crítica e incisiva, muitas vezes perturbadora, pois buscava adentrar as profundezas para desvendar a consciência da modernidade. Possivelmente, tal abordagem se deve em parte à sua história pessoal, com raízes nos Estados Unidos e maturidade na Inglaterra, dois países cruciais na formação da modernidade capitalista e da configuração do mundo ocidental. Com seus princípios e valores que determinam um modo de ser pensar, delineando os traços da modernidade capitalista em sua forma homogênea de se manifestar.

Em sua obra intitulada "Os Quatro Quartetos," publicada em 1943, Eliot alcançou um equilíbrio notável em sua expressão poética. Em geral, seus versos exploram a natureza do tempo, enfatizando aspectos teológicos, históricos, físicos e sua relação com os seres humanos. Cada um dos versos está associado a um dos elementos essenciais da natureza: ar, terra, água e fogo. Como ele expressa em um dos trechos mais conhecidos:

"O presente e o pretérito, talvez estejam presentes no futuro. E o futuro no pretérito, se todo o tempo estiver eternamente presente, todo o tempo será irredimível, O que poderia ter sido é mera abstração, permanecendo uma possibilidade eterna apenas do mundo da especulação. O que poderia ter sido e o que foi apontam para um fim único que está sempre presente."

Nessas palavras, Eliot revela seu estado de espírito intelectual e poético, conectando passado, pretérito e futuro. Ele questiona se somos nós que passamos pelo tempo ou se é o tempo que passa por nós, destacando a complexidade e a abstração do contínuo fluxo temporal que perturba tanto o escritor quanto seus leitores.

Hoje, somos inundados com uma profusão de narrativas, apresentadas com uma intensidade sem precedentes na história da humanidade. Essas narrativas podem muito bem encapsular a angústia de Eliot, já que muitos discursos contemporâneos, por carecerem de profundidade, ética e seriedade em suas considerações, podem soar "tão naturais" e "tão verdadeiros" que causariam espanto ao poeta. Essa inundação de inverdades, narrativas construídas por robôs ou por agentes com essas intenções de desagregar a credibilidade da informações, hoje presente em todas as redes sociais, confundem e estimulam os processos alienantes em curso. Retificando a ideai de que, quanto mais alienação, mais domínio de forças estranhas que controlam o poder.

Essa superficialidade na abordagem de temas complexos, hoje expresso pelas redes sociais, pode ser a impressão evidente e inevitável da capacidade humana de penetrar profundamente na lama da modernidade, um contexto que impõe a necessidade de lutar pela liberdade enquanto reprime a intelectualidade e a leitura com a profundidade necessária para desvendar e desvelar nossa condição humana. Eliot, com sua escrita inquietante e profunda, continua a servir como um farol que ilumina os desafios e dilemas da vida moderna, incentivando-nos a questionar e refletir sobre nosso papel na sociedade e na história.


*Paulo Bassani é cientista social

 


domingo, 5 de novembro de 2023

Programa 

Sintonia Verde
Episódio 14

I°Temporada
"A natureza e os humanos"
Paulo Bassani
TVBraga brasil

 


sexta-feira, 3 de novembro de 2023

 SERIE

                                POEMAS CONTEMPORÂNEOS



 20 minutos do segundo tempo*

 

Uma sensação estranha

Passa pelo meu ser!

Pensar sobre o tempo e a  vida.

Será que passamos pelo tempo

Ou ele que passa por nós.

Descobri como num jogo de futebol

Estar vivenciando

Os 20 minutos do segundo tempo.

Penso que a vida não é um jogo!

Ela é muito mais que isso

Mas  como uma analogia temporal

Com suas comparações e situações

Faz-se possível pensar.

 

Aos 20 minutos do segundo tempo.

Podemos considerar que

O primeiro tempo já se foi, acabou

Não há retornos, apenas uma lição

Esperamos ter apreendido,

Dos erros, dos acertos,

Ficaram as lembranças...

Muitos nem conseguem completar

Este primeiro embate,

Deste jogo  foram retirados por diferentes motivos

Falta de empenho, desmotivação, despreparo,

Algum acidente de percurso.

Que objetiva e subjetivamente influenciaram.

Outros sequer retornam ao segundo tempo,

Pois do primeiro tempo tudo viveu, nada sobrou.

 

No intervalo avalia-se o resultado de embate

De empate, de  defesa, meio e ataque

Observado, estudado, analisado

Com algumas novas  estratégias

E novas táticas para o andamento

Linhas que se cruzam, linhas que avançam

Há recuos, há perspectivas

Mais aconselhamentos psicológicos, cuidados físicos

Distribuição dos espaços pelo campo da vida.

Pelo palco do jogo.

 

Inicia-se o segundo tempo.

Nesse o tempo parece correr muito rapidamente,

Em poucos instantes

Já estamos aos 20 minutos

Alguns cartões amarelos para administrar,

E a precaução para não tomarmos os vermelhos.

Momento difícil, perplexo!

As forças físicas começam se esgotar,

Buscar e forças e resistência

Para a continuidade do jogo.

Uma dúvida paira no ar:

Assegurar o resultado do primeiro tempo

Ou arriscar para o ataque.

Tudo é incerteza, tudo angustia

Mas na história humana há padrões

Do “jogo da vida”, das decisões e das omissões,

Que carregamos que nos atordoa.

Porém não há certezas.

 

Há um acaso entre o destino

A liberdade, a opressão, o potencial.

Nisto o treinador divino nos orienta

A tomar decisões com minha capacidade

Minhas forças somadas aos outros que me rodeiam

Subjetiva, objetiva, sensível e vigorosa.

 

O estádio onde tudo se desenrola

É o planeta Terra, nosso palco comum.

Com gramados mal cuidados,

Com estruturas insustentáveis.

O juiz e seus auxiliares são as leis,

Que assumem normas que nos regulam

Determinam os limites de nossos comportamentos.

Nesse território, palco, gramado,

Talvez marcaremos  alguns gols

Com eles conquistaremos a vitória

Mas a derrota nos  persegue intrépida,

Em segundos de distração tudo pode acontecer

O que importa é estabelecer um jogo bem jogado,

Planejado, empenhado, vivido, gentil e solidário,

Tanto nas assistências, quanto na hora de marcar.

 

Talvez até tenhamos uma prorrogação

Mas que ela seja sem sofrimento,

Apenas para celebrar os minutos finais

E poder com a torcida dos homens e dos anjos

Que com seus gritos, críticas e emoção

Nos impulsionam ao amanhã

E jogamos com toda disposição.

E ao sair de campo com a satisfação de missão cumprida,

De que ganhar ou perder nada importa

O que importa é viver

 

*Paulo Bassani

 Palestra Palestra na INESUL Em 04/06/2025 Horário: 19:30 hs Londrina-PR