Folha de Londrina -Espaço Aberto
10/11/2023 - Londrina - PR
Eliot
poeta marcante da modernidade*
O
escritor Thomas Stearns Eliot, renomado poeta, escritor e dramaturgo nascido
nos Estados Unidos e, com grande parte de sua vida passada em Londres,
Inglaterra, é amplamente considerado um dos mais influentes modernistas
literários do século XX, tendo vivido de 1888 a 1965. Eliot legou uma obra
extraordinária repleta de reflexões que permanecem extremamente pertinentes na
atualidade, especialmente em um contexto dominado pelas redes sociais e seus
discursos frequentemente superficiais e incoerentes. Uma de suas célebres
citações, que ressoa de maneira notável nos dias atuais, é a seguinte: "Numa sociedade de fugitivos, aquele
que anda na direção contrária parece que está fugindo."
Sua
vasta erudição nos campos humanístico, filosófico e literário permitiu que
expressasse sua inquietação como escritor. Eliot foi influenciado pelo poeta
Charles Baudelaire e, em 1948, foi agraciado com o Prêmio Nobel de Literatura
em reconhecimento ao conjunto de sua obra.
Sua
escrita era caracterizada por uma postura crítica e incisiva, muitas vezes
perturbadora, pois buscava adentrar as profundezas para desvendar a consciência
da modernidade. Possivelmente, tal abordagem se deve em parte à sua história
pessoal, com raízes nos Estados Unidos e maturidade na Inglaterra, dois países
cruciais na formação da modernidade capitalista e da configuração do mundo
ocidental. Com seus princípios e valores que determinam um modo de ser pensar, delineando os traços da modernidade capitalista em sua forma homogênea de se manifestar.
Em
sua obra intitulada "Os Quatro Quartetos," publicada em 1943, Eliot
alcançou um equilíbrio notável em sua expressão poética. Em geral, seus versos
exploram a natureza do tempo, enfatizando aspectos teológicos, históricos,
físicos e sua relação com os seres humanos. Cada um dos versos está associado a
um dos elementos essenciais da natureza: ar, terra, água e fogo. Como ele expressa
em um dos trechos mais conhecidos:
"O presente e o pretérito,
talvez estejam presentes no futuro. E o futuro no pretérito, se todo o tempo
estiver eternamente presente, todo o tempo será irredimível, O que poderia ter
sido é mera abstração, permanecendo uma possibilidade eterna apenas do mundo da
especulação. O que poderia ter sido e o que foi apontam para um fim único que
está sempre presente."
Nessas
palavras, Eliot revela seu estado de espírito intelectual e poético, conectando
passado, pretérito e futuro. Ele questiona se somos nós que passamos pelo tempo
ou se é o tempo que passa por nós, destacando a complexidade e a abstração do
contínuo fluxo temporal que perturba tanto o escritor quanto seus leitores.
Hoje,
somos inundados com uma profusão de narrativas, apresentadas com uma
intensidade sem precedentes na história da humanidade. Essas narrativas podem
muito bem encapsular a angústia de Eliot, já que muitos discursos
contemporâneos, por carecerem de profundidade, ética e seriedade em suas
considerações, podem soar "tão naturais" e "tão
verdadeiros" que causariam espanto ao poeta. Essa inundação de inverdades, narrativas construídas por robôs ou por agentes com essas intenções de desagregar a credibilidade da informações, hoje presente em todas as redes sociais, confundem e estimulam os processos alienantes em curso. Retificando a ideai de que, quanto mais alienação, mais domínio de forças estranhas que controlam o poder.
Essa superficialidade na abordagem de temas complexos, hoje expresso pelas redes sociais, pode ser a impressão evidente e inevitável da capacidade humana de penetrar profundamente na lama da modernidade, um contexto que impõe a necessidade de lutar pela liberdade enquanto reprime a intelectualidade e a leitura com a profundidade necessária para desvendar e desvelar nossa condição humana. Eliot, com sua escrita inquietante e profunda, continua a servir como um farol que ilumina os desafios e dilemas da vida moderna, incentivando-nos a questionar e refletir sobre nosso papel na sociedade e na história.
*Paulo Bassani é
cientista social
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