Qual a lição da COP 27 do Egito de 2022? VII

 

“A educação para uma ecocidadania não é uma escolha, uma opção, é uma necessidade, uma decisão diante de um mundo, onde se tornam claros os limites físicos do planeta. E nossos comportamentos e hábitos serão voltados para satisfação sustentável das necessidades básicas de todos. E o grande desafio de um tempo de finitude e escassez é de estabelecer um padrão de consumo baseado nas necessidades básicas do conjunto das populações de cada território, de forma a garantir um mínimo de bem-estar para todos.”

*Paulo Bassani pesquisador socioambiental e prof. universitário

https://professorbassani.blogspot.com/

 

 

Natal e o final de ano*

 

Momento intrigante para rever,

Para pensar, para rever, para planejar

Para sonhar  com novos sonhos.

As cartas estão na mesa, com os livros, com o pensar

Um novo tempo vai começar

Mas é preciso ingressar com

Princípios e valores éticos e emancipatórios

E se possível rever algumas regras que resultaram.

As tragédias que nos atordoam

A  chegarmos aqui desta forma,

Atônitos, desconcertados.

 

Um ciclo de esperança se anuncia.

Vamos ouvir todas as vozes, os olhares

Os silêncios, a presença

Todas as cores, com seus brilhos

A diversidade existente é algo maravilhoso

Colher todas as experiências,

Para que cada grão possa germinar,

Para que haja irrigação suficiente a todos

E os brotos que daí germinarem sejam

Um anuncio de vida nova, cidadã.

Plena para viver nosso tempo.

 

*Paulo Bassani é Cientista Social e prof. Universitário

 

A força da natureza*

 

Queria agradecer a força da natureza

Que criou a vida e sua exuberância.

Agradecer ao ar que respiramos,

A água que bebemos,

Ao sol que nos aquece.

Ao vento que sopra no meu rosto

Aos passos que consigo dar

Aos abraços que consigo acolher,

As falas que emergem do pensar,

As batidas do coração,

A alma que me faz sentir,

A emoção que me faz chorar,

Ao arrepio que me desperta,

Ao choro do nascer,

Ao grito de esperança,

A escuridão da noite,

O silêncio da madrugada,

Esperando o amanhecer.

 

*Paulo Bassani é poeta, escritor cientista social  e prof. universitário

                                                 Artigo,  Folha de Londrina, 19/12/2022

                                                                        Londrina, Paraná

 

Carta de agradecimento ao mestre Gerd !*

 

         Numa das primeiras conversas filosóficas que tive com um dos meus grandes mestres, Gerd Bornheim, que muito me inspirou em filosofia e teatro, ele fazia questão de lembrar que “a melhor forma de entendermos e nos fixarmos na realidade passa e perpassa necessariamente pela abstração”, por uma profunda intelectualização dos processos de conhecimento gerador de saberes. Pelo exercício teórico e pelas metodologias que conseguem alcançar, captar inúmeras determinações de uma realidade, de um fenômeno ou de um fato a ser explicado.

Isso porque, a realidade é sempre movimento com dificuldade de fixá-la e, ela dificilmente se revela imediatamente, necessitamos de um esforço do pensamento e da abstração que sinalize atingir esse alcance. Que clarei o percurso do entendimento numa escuridão donde ela geralmente se encontra.

Esta postura, mesmo que na vida cotidiana nos leva a outros caminhos e descaminhos e, devemos adotar o tempo todo em nossa vida, o seguinte princípio: se não for possível explicar com maiores detalhes e embasamento é melhor nos calar, observar, acompanhar sem nosso pronunciamento, pois corremos o risco de ser esta intervenção geradora de uma narrativa quase sempre inapropriada pela sua insuficiência explicativa e correlata aos fatos analisados. Se avançados de forma consciente na formação muito mais complexa dessa alta modernidade que vivemos, não seriam oportunas leituras, afirmações e narrativas rasas.

Gerd não viveu para presenciar, analisar este tempo de contatos, influencias e narrativas cibernéticas, nos deixou justamente no inicio desta era.  Penso que estarrecido, pelo quadro que encontraria poderia lembrar, o quão importante faz-se necessário retomar leituras, aprofundar análises, ter o cuidado seletivo na escolha dos elementos teóricos e metodológicos para não alimentar o vazio do percurso analítico. Para desatar o nó que a modernidade no qual ele, de forma brilhante, já havia demarcado seus princípios e seus passos e decorrências, das contradições que se acumularam e dos desdobramentos conseqüentes.

 Estas decorrências nos colariam numa posição numérica quantitativa que já existe com a emergência das mideas e redes digitais. E, facilmente perderíamos, no turbilhão de informações e imprecisões que comandam de forma hegemônica esse meio, que bate e rebate na formatação e reprogramação cerebral dos humanos de nosso tempo. Muito distante de uma intelectualização onde o pensar comanda os processos geradores de conhecimentos factíveis para viver, compreendendo de forma mais profunda este conjunto de implicações.

Outra postura, difícil de conviver e pertencer a esse mundo, é do aprofundamento constante em nossos estudos e trabalhos científicos, sem dúvida, um caminho espinhoso, de dedicação e de desafetos, de invisibilidade, de não reconhecimento e de afastamento de um convívio social. Ao mestre agradeço a orientação e inspiração para trilhar por esses labirintos enigmáticos do conhecimento. Temo, que se meu grande mestre, hoje vivo, seria mais um pensador, na multidão de surdos, cegos, esses comandados por vozes eletrônicas coisificadas atordoando a todos.

 

OBS: Gerd Bornheim nasceu em 19/11/1929 e faleceu em 05/09/2002 foi um dos maiores filósofos contemporâneos e crítico de arte.

*Paulo Bassani é Cientista Social, Escritor e Prof. Universitário

 

Incompreensão *

 

Entre o conhecimento e a ignorância

Há um hiato

Um pequeno espaço de tempo.

Entre a incompreensão, e a estupidez

Há um estalo.

Entre a luz e a escuridão

Apenas um vácuo frívolo.

Entre águas salgadas e doces

Há tanto plástico.

Entre as águas profundas

E um espelho d`água

Há uma falsa ilusão de superfície.

Entre o olhar e a cegueira,

Há tanta coisa encoberta.

Entre a leitura e a olhadela

Há queima de livros.

Entre o eu e você

Há uma eternidade.

Entre o eu e nós

Há uma incompreensão.

Entre a lucidez e a sandice,

Há a rede social.

Entre a mentira e a verdade

Há mais rede social.

 

*Paulo Bassani é escritor, cientista social e prof. universitário

 

Diálogo com o amanhã*

 

Tenho saudades do amanhã

Do amanhã que não conheço,

Do amanhã que virá quer queira quer não,

Sei que virá!

Virá em forma de realidade

Virá em forma de sonhos,

Realidade gerada pelos meus braços,

Sangue e coração que carrego.

Sonhos que imaginei

Sonhos que cultivei. 

Será uma longa jornada,

Numa travessia necessária,

Do ontem, do hoje e do amanhã.

O passado se perdeu na memória,

O presente esta sendo escrito,

O futuro o que será?

 

Hoje solo estéril, seco

Amanhã chuva e umidade.

Poucos princípios, poucos fundamentos,

Não são tempos normais.

Há apenas condições remediadas,

De ingresso numa espera ativa,

De um ensaio da amanhã,

Com  saberes, com  sabores

Que flutuam por águas límpidas,

Que emergem da clareza do conhecimento,

Que impulsionam a indagação,

Instigados pela indignação,

No reencontro dos significados,

Dos propósitos da vida.

Em forma intangível,

 

Pensamento e construto de bases,

Nas brechas luminosas ocultas.

Com palavras manifesto, com passos avanço,

Com remadas navego, com vôos ascendo às nuvens,

Com um plano de vôo

Realizo a decolagem de significados,

Que gera sentido de vida ante o impossível.

E com utopias de minha alma

Realizo o inexeqüível, 

O amanhã imaginado não é uma quimera,

É algo possível e desejável

Como arquitetura de novos destinos.

 

*Paulo Bassani é Cientista Social, Escritor, Poeta e Prof. Universitário

 

       Qual a lição da COP 27 do Egito de 2022? VI

 

 

“Muito se falou de “transição ecológica” desde a COP de Paris, porém há outros inconvenientes desagradáveis que não são contemplados. As energias renováveis também requerem recursos minerais que correm o risco de se esgotarem. Não é suficiente desenvolver energias renováveis. Se por um lado, temos sol e vento em grande parte do planeta de forma ilimitada, não é este, de modo algum, o caso para os materiais necessários para sua utilização (lítio, ferro, aço, plásticos, etc.). estes são limitados. Será, portanto necessário considerar uma redução do consumo global de energia. Isso vale também para os carros elétricos que necessitam desses e outros materiais para sua composição, além de não reduzirem o uso do espaço urbano e dos acidentes que ocorrem.”.

*Paulo Bassani pesquisador socioambiental e prof. universitário

https://professorbassani.blogspot.com/

 

 

Palestra 

"A Era da Sustentabilidade: uma passagem necessária"

Prof. Dr. Paulo Bassani

Innbras / Emosi

Santa Mariana - PR

07/12/2022

 

Qual a lição da COP 27 do Egito de 2022? V

 “A meta do Acordo de Paris já não poderá ser mais alcançada. Essa meta era de manter as condições planetárias não atingissem a mais de 1,5 até o final desse século. Tudo indica segundo diagnósticos da COP 27 que essa meta será atingida na metade desse século. E que se não mudarmos, as fontes energéticas, as formas de produções industriais e agrícolas, e continuarmos com as emissões dos gases causadores do efeito estufa. Até o ano 2100 a temperatura poderá subir até 3,5 graus (acima do período pré-industrial), colocando em risco todas as espécies vivas do planeta. E hoje os que mais poluem são os chineses, responsáveis por 27% de todas as emissões planetárias, e os norte americanos com cerca de 12%. Recaindo essas consequências e sofrimento muito mais aos países e populações pobres. Na COP27 o debate sobre a 'dívida do clima' que se tornou maior entrave de negociações da cúpula. Trata-se da criação de um "Fundo de Resposta" aos desastres climáticos, também chamados discussão sobre Perdas e Danos, dedicado aos países mais vulneráveis, levantam duas questões: 1. Trata-se de "ampliar a base de doadores", ou seja, integrar os países que se tornaram grandes emissores de gases do efeito estufa, como a China. E a segunda condição é obter um compromisso forte e explícito a respeito da mitigação. 2. Exigir o fim dos subsídios ineficientes aos combustíveis fósseis e a "aceleração para transições limpas e justas às energias renováveis".

*Paulo Bassani pesquisador socioambiental e prof. universitário

https://professorbassani.blogspot.com/

 

 

Cheiros da vida*

 Almas que vagam

Sonhos que adormecem,

Utopias que se apagam.

Terras arrasadas...

 

Mas a fertilidade humana

Renasce das cinzas, dos areais,

Das tempestades, e dos vendavais.

Da resistência que atropela,

E se instalam nos vales coloridos

No verde das árvores

Com águas frescas

Com animais circulando,

Pássaros livres voando

E as flores emergindo.

Todos os cheiros de vida,

Todos cheios de vida.

*Paulo Bassani é Cientista Social, escritor e prof. universitário

 

 

   Qual a lição da COP 27 do Egito de 2022? IV

 

“Temos que “Salvar o planeta”? Sim, no entanto temos que salvar a vida no planeta, salvar a vida como um todo, inclusive a humana, essa que está em risco. O planeta irá sobreviver sem os humanos, mesmo se deixarmos um corpo celeste arrasado ele continuará a girar em torno do sol no sistema solar, mesmo sem vida sobre ele. Portanto salvar a vida no planeta somente depende de nós. Há muitas pessoas de baixa compreensão que dizem: “Não estou preocupado com o planeta e sim com meus problemas”. Entretanto seus problemas somente poderão ser resolvidos se garantirmos a habitabilidade nesta Casa Comum, como única morada possível para os humanos, hoje e por muitas décadas”.

*Paulo Bassani pesquisador socioambiental e prof. universitário

https://professorbassani.blogspot.com/