EVENTO
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COP 30: Cúpula dos Povos *
Uma das reuniões mais aguardadas na COP 30 de Belém do Pará neste ano de 2025 é a reunião da Cúpula dos Povos que pretende reunir mais de 30 mil pessoas. Representa o coração político e ético das lutas socioambientais diante da crise climática.
Na manhã do dia 12 de novembro, no terceiro dia da COP mais de 200 embarcações com cerca de 5 mil pessoas navegaram pela águas da baía do Guajará na cidade de Belém, desta forma estabelecendo a abertura simbólica da Cúpula dos Povos, que se constitui num evento paralelo, mas com grande significado político organizacional de 62 países participantes. O grande objetivo dessa Cúpula é pautada no direito dos povos, dos povos originários, da justiça climática e soberania alimentar.
Lembrando que todos os estudos científicos apontam que os maiores afetados pela emergência climática em curso serão os povos vulneráveis, de baixa renda, e que vivem em locais onde as catástrofes climáticas de cheias, inundações e secas extremas acorrem com maior intensidade.
A Cúpula dos Povos reafirma que a verdadeira transição ecológica nasce das bases das comunidades tradicionais, dos povos indígenas, quilombolas, pescadores, agricultores familiares e movimentos urbanos. No Brasil os povos indígenas, os povos da floresta, as populações ribeirinhas, os trabalhadores urbanos e rurais, são os maiores representantes dessa Cúpula. Somente o MST (Movimento dos Trabalhadores Sem terra) estão presentes com cerca de 1.300 representantes, defendendo a Reforma Agrária, a segurança alimentar, a agro ecologia e a justiça climática.
A fala de Ailton Krenak com sua leitura de mundo, em entrevista publicada no sábado (08) pelo El País, o escritor e líder indígena afirmou que a conferência foi “sequestrada pela perspectiva econômica” e que “o clima virou mercado”. E se pergunta diante disso: “somos realmente humanos”. A lembrança da luta de Chico Mendes com e pelos povos da floresta, dos ribeirinhos. A sabedoria do cacique Raoni e o grito dos indígenas originários deste continente que lutam pela demarcação e o respeito de suas terras. O movimento negro, os trabalhadores rurais sem terra, os trabalhadores urbanos.
O clamor dos povos na sua expressão popular terá na Cúpula da Terra um alerta aos governantes que tomaram decisões nessa COP. Lembrando e na mesma luta do Fórum Social Mundial que teve seu inicio em 2001 em Porto Alegre no RS, que tinha como lema: “Outro mundo é possível” um mundo onde caibam todos, sem um pensamento único e com respeito a diversidade que nos caracteriza como seres humanos. E o alerta que ecoa desse clamor: Foram três décadas negociando, estabelecendo metas, acordos, sempre no campo das promessas. Agora é hora de mudar.
A Cúpula é território de resistência e proposição. Nela, o conhecimento ancestral dialoga com a ciência contemporânea, reivindicando outro paradigma civilizatório que entende a Terra não como recurso, mas como mãe. Há uma voz silenciosa que reivindica seu espaço, há uma luta contínua pelo direitos a viver num planeta que tenha condições de abarcar todo tipo de vida. Não há como negar nenhum tipo de vida presente, todos merecem viver, todos merecem conviver, todos merecem fazer parte do grande banquete de vida, trabalho, terra, água potável, nascentes e rios, floresta, animais micro e macro todos formando a grande Teia da Vida.
Entender-se parte desta Teia, alertar a todos participes dela é a grande voz que se ergue na Cúpula da Terra. Trabalhadores, indígenas todos unidos num grito pela Terra, nossa única Casa Comum. O almejam é um futuro em que a humanidade se reconheça novamente como parte da natureza, e não como sua dominadora Que seja ouvido, que seja respeitado, que sejam atendidos nessa importante COP 30 pela primeira vez no Brasil, no coração da mata.
*Paulo Bassani é cientista social e pesquisador ambiental

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