Série
Reflexões Ambientais
Paulo Bassani
O ar respirável*
Hoje respiro um ar que me fornece vida
Amanhã talvez esse ar não me traga vitalidade
Será contaminado pela forma humana destrutiva,
Terá elementos químicos que não condizem com meu
corpo.
Será um ar pesado, sujo, cinzento
Estará em todos os cantos, em todos os lugares
Ao respirar, pois vital se faz, ele me contamina
Com sua forma mais sórdida.
Estaremos vivendo um tempo de procura desesperada
Por ar respirável, água potável, terra cultivável,
Sombra de árvores, rios limpos, oceanos azuis.
Animais nas florestas, pessoas saudáveis.
Sentiremos saudades de uma época
Em que a natureza era apenas natureza.
Nós a dessacralizamos, a tornamos objeto de
uso
Ultrapassamos suas fronteiras regeneradoras.
Ela ainda respira seu ar de resiliência,
Nós o ar que contaminamos
Pecamos e pagamos por essa dessacralização
Desrespeitosa, exploratória e impactante.
Nas resta pouco tempo para algo fazer.
Sabendo fazer, porém não temos a certeza
Se desejarmos fazer, pois nossos interesses são
maiores
E esta decisão poderá esgotar as últimas
possibilidades.
Estaremos próximos a um fim
Espaços restritos, segurança caduca
Apenas robôs, máquinas circulando,
Eles não respiram, não sentem, não vivem.
Desespero instalado,
Máquinas no controle
E em bolhas, últimos ares possíveis
Onde poucos privilegiados sobrevivem.
Um assombro, um desespero.
Uma escuridão, um tempo final,
Fruto da insanidade de um ser
Que muito terá que apreender.
*Paulo Bassani
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