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sexta-feira, 9 de maio de 2025

 Reflexões de nosso tempo

Paulo Bassani





Uma compreensão necessária*

 

Será que um dia
despertaremos, enfim,
para o mistério da existência
nesta ínfima partícula de poeira cósmica?

 

Será que um dia,
num lampejo de lucidez,
veremos a Terra
não como recurso natural,
mas como origem, patrimônio natural
como vínculo de vida,
como o único lar que nos acolhe
neste vasto e indiferente universo?

 

A biosfera tênue, silenciosa,
frágil como o sopro da vida
Uma superfície que recobre o planeta,
É um sinal de equilíbrio
tecido por milhares de anos
E, no entanto,
a estamos impactando, descuidando.

 

Queimadas, desmatamentos, desertos que avançam,
gelo que derrete, rios que secam,
ar que se polui,
espécies que se extinguem.
Frutos de uma cegueira ativa,
de um desejo sem limite,
de uma lógica que tudo transforma em mercadoria,
inclusive a vida.

 

Por que insistimos em crer
que o infinito cabe
em algo finito?
Por que acreditamos
que progresso é avançar
sem entendermos os riscos a nossa frente?

 

            Somos afinal seres conscientes, inteligentes
            Sensíveis e humanos que conhecemos parte do cosmos.
            E desse conhecimento, temos a leitura,
            Que este planeta é único, por mais alguns séculos,
            Configurado para acolher a vida humana.

 

E o que fazemos com esse dom
de saber o que sabemos?
Escolhemos o esquecimento, a cegueira.
Mas ainda há tempo
talvez um tempo muito breve.


Tempo de reencontrar
outro modo de habitar,
de produzir com reverência,
de consumir com ética,
de viver com gratidão.

 

Pois tudo o que poluímos,
tudo o que matamos,
retorna a nós.
Não como castigo,
mas como consequência.

                    

Nascemos da Terra,
Assim seremos um dia novamente Humos.
Nossa matéria é resultado do pó das estrelas,
Resultando nossa vida num pulsar
Junto a toda biodiversidade não humana.

 

Cabe a nós escolher:
Permanecer preservando, recuperando, cuidando
como guardiões conscientes da existência,
nesta casa dispersa no cosmos,
ou caminharmos para a extinção.

 

*Paulo Bassani


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