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terça-feira, 7 de janeiro de 2025

 Artigo

                                                Santo Antônio da Platina, PR
                                                            07/01/2025

https://www.portaltanosite.com/noticia/155483/um-design-natural-aprendendo-com-a-natureza

Paulo Bassani e Arthur Barbosa Bassani

Um design natural: aprendendo com a natureza*

A vida ocorre em tempos diferentes: o tempo de existência, o tempo de aprendizagem e o tempo das descobertas. Hoje, vivemos um momento crucial em que esses tempos convergem, desenhando um novo design civilizacional. Esse desenho é profundamente condicionado pela compreensão de nossa dependência da natureza, elemento essencial de nossa existência.

Nesta nova etapa, somos convidados a reconstruir uma relação com o mundo natural, uma conexão há muito negligenciada. Por séculos, distanciamos nossa prática e percepção de mundo das bases naturais de onde emergimos motivados pelo desconhecimento ou pelo predomínio de uma racionalidade instrumental, utilitarista e ambiciosa. Essa perspectiva, que priorizou a exploração e a eficiência, sobrepôs-se a uma racionalidade sensível, ou, como Enrique Leff nos sugere uma racionalidade ambiental. Hoje, percebemos a urgência de reavaliar essa postura. O entendimento de que a natureza é vital para nossa vida e sua qualidade em todos os espaços, sejam urbanos ou rurais, exige uma transformação radical em nossa maneira de olharmos e de fazer as coisas. Mais do que modelo de desenvolvimento estamos em busca de um modelo de envolvimento próximo entre os homens e a natureza em todos os territórios de vida.

Essa mudança começa com a observação cuidadosa e o diálogo com conhecimento o científico acumulado. Ela aponta para soluções inspiradas na natureza, aproximando os ambientes construídos de sua originalidade natural. Essa proximidade é um convite a repensarmos nossas respostas sociais, econômicas e culturais, pavimentando um caminho mais harmônico entre homens e natureza.

Estamos imersos em um cenário de mudanças climáticas, caracterizado por extremos provocados pelo impacto humano sobre biomas, terras e oceanos. Mitigar esses danos requer ação imediata, local e global, para reverter o desequilíbrio em curso. Esse movimento implica, sobretudo, um olhar renovador para o território em que vivemos uma prática de autoconhecimento que nos leva a importância: somos natureza. Pensamos, imaginamos, criamos, mas somos, acima de tudo, parte dela. Essa consciência nos confere a responsabilidade de compatibilizar os espaços de vida que a modernidade construída com a natureza que, por muito tempo foi ignorada, pensado que poderíamos viver sem ela.

Um novo design começa a emergir, manifestando-se em casas, prédios, condomínios, parques e jardins. Esses lugares se transformam em refúgios harmônicos, repletos de cores, cheiros, sombras e micro climas. Um design estético que cria e recria os ambientes muito próximos do que a natureza sugere, ou o que se divulga hoje na busca de soluções baseadas na natureza. A integração do verde, das flores e dos elementos naturais ressignifica os ambientes, tornando-os mais acolhedores, únicos com experiências inesquecíveis.

Essa busca pela recomposição ecológica, pela recuperação, pelo plantio e pela manutenção dos pequenos, mas preciosos espaços compartilhados entre humanos e o mundo natural, é agora essencial. Não se trata apenas de uma escolha, mas de uma responsabilidade coletiva, que envolve tanto cidadãos quanto empresas. A incorporação de práticas sustentáveis ​​no âmbito do ESG (Environmental, Social, and Governance) é um passo crucial, mas não menos importante que o compromisso de cada um diante das tarefas recuperadoras e cuidosas que teremos pela frente

Quanto mais estreitarmos essa conexão entre urbanidade e ruralidade, mais ampliaremos nossas possibilidades de estabelecer uma nova relação com a natureza, uma relação de sintonia, capaz de agregar qualidade de vida, beleza e harmonia ao cotidiano. Este é o desafio e, ao mesmo tempo, a promessa do design natural: recriar espaços que nos reconectam ao que somos ao que sempre fomos, a natureza que pensa, cria e sonha com um futuro mais equilibrado e sustentável.

    * Arthur Barbosa Bassani é agrônomo

 ** Paulo Bassani é cientista social

 

 

 


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