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quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

 ARTIGO

Folha de Londrina
Espaço Aberto

31/12/2024
Londrina, Paraná, Brasil


Paulo Bassani

Cidades Sustentáveis necessárias*


         A sociedade e a cidade, em sua expressão cotidiana, de mercado, se assenta basicamente sobre a competição, traduzindo-se num conjunto de indivíduos, isolados que vivem um aglomerado espaço-tempo. Esta é uma concepção de densidade baixa e insustentável para as cidades. Queremos pensar e construir um novo paradigma para as sociedades e para as cidades, que desperte o viver assentado nos princípios de equilíbrio, qualidade, preservação, segurança, coletividade, participação. Tudo com um firme propósito, de em conjunto, alcançar a sustentabilidade necessária, predispondo de outro tipo de sociabilidade participativa, colaborativa, resiliente, solidária e horizontal.

Este cenário paradigmático que propomos encontrar-se fundado na qualidade de vida e do bem viver. Para tanto, necessitamos estabelecer um rompimento definitivo deste olhar tradicional, tratamento da cidade em seu estado atual e, estabelecer um novo, pois ela que nos acolhe como seres inteligentes, imaginativos e criativos, portanto como seres capazes de pensar e agir, por isso espera-se algo mais para uma urbanidade sadia. Hoje temos os meios de saber e construir um conhecimento que edifique um fazer que possa dar outro curso nos processos social, econômico, cultural e ambiental das nossas cidades.

Os paradigmas organizacionais urbanos que nos trouxeram até aqui estão defasados e inoperantes. A história se encarregou de demonstrar, o máximo que conseguem, diz respeito, a realizar pequenas reformas que no fundo são realizadas para apenas prolongar os modelos em curso. As soluções que políticos e gestores tradicionais propõem, seguem um padrão de continuidade do que aí está, e, não conseguem pensar e nem propor metodologias de estruturação e ação participativas e transformadoras. Estão presos a um circulo vicioso do mais e melhor, segundo eles, do mesmo.

Para quebrar este vinculo e estes procedimentos são três as propostas político-educacionais e organizacionais que necessitamos cultivar na preparação do solo urbano para um novo tempo:

a) Educação, formação e capacitação a todos: Programar e implementar uma educação permanente dos agentes publicas e da população em geral;

b) Um poder político local disposto a compartilhar a gestão pública de forma colaborativa: Estabelecer uma dinâmica participativa nas principais decisões e prioridades, sobre a elaboração, implantação e acompanhamento das políticas públicas;

c) Uma consciência colaborativa responsável, participativa e compartilhada da população envolvida: Cultivar, apreender e ensinar uma consciência crítica colaborativa e participativa que gere atitudes, comportamentos e que com o tempo se transformem em hábitos.

O poder político constituído implica na gestão dos prefeitos eleitos, sua composição de secretariado e assessores, bem como da câmara municipal, para trabalhar nesta perspectiva de um plano diretor associado a um plano de gestão publica que dialogue e estabelecer um compartilhamento dos processos que implicam na construção e implementação das políticas públicas para e com a população.

A consciência colaborativa e o senso de pertença será fundamentação cultural necessária para a compreensão, motivação e adesão aos processos de transformação a que se propõe.

Esse conjunto de fatores implica nas bases de uma cidadania empoderada, resiliente com sentimento forte de pertença a um território que escolheu para viver e preparado para os desafios da implantação, manutenção e continuidade de cidades sustentáveis. Em outras palavras, uma emancipação cidadã necessária para atingir a um patamar civilizatório onde o viver com qualidade, implica em viver uma cidade planejada, articulada, mobilizada, segura, com o emprego e renda, geradora de formas saudáveis e humanas do bem viver coletivo.

Outro aspecto importante no viver urbano, com o formato que apresentamos, diz respeito ao controle, separação, coleta e reciclagem dos resíduos sólidos urbanos, pois vivemos numa sociedade de consumo e produtora de resíduos, todo tipo de resíduos.  Controlar esse processo torna-se um imperativo.

E deste formato entender que será necessário reaprendermos a viver com a natureza urbana que embeleza e nos proporciona uma vida saudável. Das nascentes, dos córregos, rios, lagos, árvores, flores e pássaros a terra e o ar que respiramos todos coabitando o mesmo território urbano.

A transição para cidades colaborativas sustentáveis​​requer uma abordagem integrada que articula educação, capacitação, gestão e transformação cultural. Este modelo deve considerar as interdependências e as multidisciplinaridades entre os aspectos sociais, econômicos, culturais e ambientais da vida urbana. Ao adotar essas diretrizes, é possível vislumbrar uma urbanidade mais justa, equilibrada e resiliente tão necessária ao nosso tempo.

 

*Paulo Bassani é cientista social

 


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