Série - Nosso tempo
PARA PENSAR
Um encontro com Francisco de Assis*
Há poucos dias caminhando pelos fundos de vale
De minha cidade
Deparei-me com uma pessoa iluminada
Com seu trajar simples.
Aproximei-me, pois tamanha sua força,
luz
E sensibilidade não pude me conter.
Não perguntei seu nome.
Mas observei atento como ele
contemplava a natureza
Com um olhar calmo, sereno e profundo
Com gestos delicados e amorosos.
Contemplava as árvores, o
córrego,
Os pássaros, a grama verde e a terra.
Sem dizer uma palavra
Nossos olhares se cruzaram
Seu brilho intenso logo fez os meus
Olhos lacrimejarem.
E sem mais...disse algumas palavras
Porque os homens não cuidam de tudo
isso?
Porque destroem o que é vida o que
gera vida?
Porque essa desvairada forma de
progresso?
Que causou e vem causando destruição a essa
biodiversidade
Que tanto amei e a chamei de irmã.
Pois ela esta em mim e eu estou nela.
Hipnotizado com suas palavras e clareza
Não consegui emitir uma palavra
sequer
Tamanha a força de sua mensagem e
indagações.
Não sabia quem ele era com tamanho
conhecimento
E tão delicadas palavras ao tratar a
natureza como irmã.
Fez-me andar com ele alguns passos
Em pouco tempo estávamos
Sobrevoamos nas nuvens, como nuvens
Onde nas alturas com todo meu
assombro
Mas com uma sensação de segurança
jamais sentida
Podemos juntos ver a Casa Comum
E ele apontando para mim disse:
Veja o que foi feito!
Porque o verde deu lugar a algo tão
cinzento,
Tão sem vida.
E as águas dos rios, mares e oceanos
tão poluídas.
O calor e as secas espalhadas
Queimadas e desmatamento.
A fauna minhas irmãs sendo caçada,
maltratada
E seus espaços cada vez menores.
Tudo isso é muito triste!
Não consigo entender porque corações humanos
tão duros
Causam tantas perdas, tanta
destruição.
E ele chorou de compaixão pela Terra
E compaixão pela vida.
Tentei me aproximar ainda mais e
abraçá-lo
E num suspiro cantou uma musica suave
O qual sem conhecer a melodia,
Sem entender quem ele era junto
cantamos
Junto choramos.
E num piscar de olhos estávamos
novamente
Naquele fundo de vale.
Em pouco segundos estava eu pisando
no gramado
E ele flutuando e voltando para as
nuvens
Eis que com toda força de minha voz,
gritei !
Mas porque você vai embora?
Nem se quer disseste seu nome
E voltando-se para mim com seu olhar
singelo disse:
FRANCISCO é meu nome.
*Paulo Bassani
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