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quinta-feira, 19 de setembro de 2024

 Artigo


                                                    Santo Antônio da Platina 

Paraná - Brasil

18/09/2024

https://www.portaltanosite.com/noticia/144667/movimento-do-pensamento



Movimento do pensamento*


Quando pensamos, ao entrar nesse fluxo de reflexão sobre nós, humanos, ativamos um dos traços mais singulares que nos define enquanto espécie: a inteligência. No entanto, essa inteligência não é um fim em si mesmo, mas o início de uma jornada, de um processo de vida. Podemos dizer uma travessia que nos conecta a uma complexidade de questões existenciais, que vão além de nossa capacidade racional. Tornamo-nos, então, sujeitos de um significado especial, de uma história única, não em comparação com as outras espécies, pois somos diferentes, nem melhores, piores, o que podemos dizer que temos uma mesma origem que demanda da biodiversidade planetária. Por isso somos, estamos e fazemos parte de um processo de integração com toda a teia da vida.

O movimento do pensamento surge da motivação emocional, da capacidade de ver, observar, sentir e reagir ao mundo. É esse sentimento que nos permite mover entre a alegria e a tristeza, o sorriso e o choro, a demência e a sapiens, desenhando um caminho sensível entre o que experimentamos e o que imaginamos.

A imaginação, nesse contexto, não é apenas um jogo brincalhão da mente, mas uma força vital, uma corrente interna e externa que flui em nós e ao nosso redor, alimentando, retroalimentando e moldando a forma como percebemos como captamos o mundo. Ao imaginar, resgatamos memórias, reinterpretamos vivências e construímos novas possibilidades de ser e agir. Imaginar não apenas num início, nem tão pouco de um fim, mas de uma caminhada onde haverá luz e também a escuridão, algumas poucas convicções e muitas dúvidas.

A imaginação, assim, se converte no motor de um processo criativo ininterrupto, ela vicia nosso cérebro a funcionar, quase que permanentemente. Ela, a imaginação, impulsiona o pensamento a prospectar novas formas de ver o mundo, a desconstruir velhas verdades e construir novas. Como dizia o poeta “ser uma metamorfose ambulante” Nesse movimento, criamos algo e, ao criar, transformamos não só o mundo externo, mas também o interno. Alimentados pela leitura, pela reflexão e pela troca de idéias no ritual dialógico, o ato de pensar e imaginar encontra um terreno fértil.

A fala e a escrita, ferramentas dessa construção, são o elo que transforma o imaginado em realidade concreta, em um conhecimento que pode ser compartilhado, debatido, ampliado e aplicado em certas condições mesmo que embrionariamente.

Todo conhecimento gerado nesse processo, ao tocar nossa mente e nosso espírito, provoca uma profunda emoção. Esse estado de comoção, uma vibração interna que se irradia do pensamento para o corpo, permite que a mente humana reaja. É nesse momento que a sensibilidade se eleva, ao mesmo tempo em que estamos mais conectados com o mundo e com nós mesmos, podemos nos distanciar pare ver, observar e entender melhor as manifestações do viver. A emoção, por sua vez, alicerça o saber, fixa o aprendizado, tornando-o uma parte indissociável do modo como experimentamos a realidade.

Esses saberes e aprendizagens vão se entrelaçando, na medida em que a maturidade e capacidade intelectual avançam e, ao longo do tempo, transformam-se em comportamentos, em atitudes que marcam nossa existência.

Formam a essência do nosso ser, moldando a forma como habitamos o mundo, como nos expressamos e interagimos com os outros, em casa e na rua, no privado e no social. Essas atitudes, quando se multiplicam e se unem em um coletivo consciente, oriundas desses construtos criam a possibilidade de gerar um novo mundo. Um mundo não apenas imaginado, mas construído na prática, nas relações, nas escolhas. Um mundo sonhado, sim, mas também desejado e necessário, uma tentativa de trazer à realidade o ideal de um viver que seja finito, mas pleno, limitado, mas sensível, onde o pensar, sentir e viver se relacionam de maneira horizontal. Assim vamos apreendendo os caminhos.

 

*Paulo Bassani é cientista social

 


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