Artigo
Publicado em 09/08/2024
Santo Antônio da Platina- PR
Paulo Bassani*
Alcances teóricos*
A limitação da
compreensão humana está frequentemente relacionada ao alcance da leitura e da
capacidade crítica de cada indivíduo. Aqueles com menor exposição à leitura e
reflexão crítica tendem a tomar os limites de sua experiência direta, alcance
de sua visão ou de sua sobra, como os limites do entendimento humano do mundo.
Como lembrava Albert Einstein “Tudo aquilo que homem ignora, não existe para
ele. Por isso o universo de cada um se resume ao tamanho de seu saber.” E nessa
situação que se resume a ignorância no sentido de não conhecer, ignorar.
No entanto, podemos
expandir essa compreensão à medida que lemos, estudamos, pesquisamos e
refletimos. Esse processo possibilita uma ampliação das capacidades cognitivas
para entender, questionar e explicar os fenômenos que aparentam serem
familiares, cognoscíveis, de fácil leitura e entendimento. Embora seja improvável
alcançar uma compreensão plena de qualquer fenômeno, dada a natureza dinâmica,
sempre em movimento com deslocamentos imprevisíveis e em constante
transformação do mundo, essa busca pelo conhecimento é incessante.
O conhecimento humano
é caracterizado por sua incompletude e sua natureza qualitativa e renovável,
não se limitando apenas a um aumento quantitativo. Assim como escavar um buraco
em areia movediça, sempre haverá mais a ser descoberto, e provavelmente nunca
alcançaremos o fim dessa escavação. Esse contínuo processo de descoberta será
sempre uma tarefa para novos pesquisadores, que se apoiarão nas conquistas
anteriores para avançar ainda mais. A jornada do conhecimento é interminável,
estendendo-se além dos limites de nosso planeta em direção à expansão infinita
do espaço.
Karl Popper expressou
essa ideia ao afirmar que "a ciência sempre será uma busca, jamais uma
descoberta. É uma viagem, nunca uma chegada". Os avanços científicos
ocorrem continuamente, mas sua aceitação e consolidação são temporárias,
baseadas na consistência observada até o momento, até a chegada de uma
refutação que a colocará em cheque o entendimento anterior. A busca pelo
conhecimento é infinita, e gerações de pesquisadores continuarão a se deparar
com esse desafio.
Boa Ventura de Sousa Santos estabelece reflexões acerca das mudanças que
estão ocorrendo nas ciências em geral e particularmente nas ciências humanas
afirma “Esta nova visão do mundo e da vida reconduz-se a duas
distinções fundamentais, entre conhecimento científico e conhecimento de senso
comum, por um lado, e entre natureza e pessoa humana, por outro.” Ao tratar das explicações paradigmáticas
que emergiram da modernidade reitera o autor “O paradigma a emergir dela não
pode ser apenas um paradigma científico o paradigma de um conhecimento
prudente, tem de ser também um paradigma social o paradigma de uma vida
decente.” Afinal esta é uma concordância de um senso humano critico e
consequente, ou seja, a ciência, mesmo em sua fragilidade temporária ela
necessita agregar, construir caminhos para uma vida melhor.
Muitos, ao longo da
história cientifica, tentaram estabelecer explicações únicas, absolutas e
definitivas para tudo, mas o tempo revelou a fragilidade dessas tentativas,
mostrando a alternância e renovação constantes do conhecimento científico. Esta
parece ser uma sina de quem pesquisa: não apenas aceitar o movimento, mas as
incertezas que carregam e comumente nos proporcionam entendimentos incompletos,
parciais. Mas essa parece ser a singularidade fenomenológica de tudo que se
analisa. Carregam uma angustia da incerteza, rodeados pelas convicções e
tentativas explicadas construídas até aquele momento.
Há sempre algo para
conhecer, não detemos todo o conhecimento que se encontra escondido logo
adiante. A jornada em busca do saber é, portanto uma jornada marcada pela
consciência de que no dia seguinte teremos que recomeçar.
*Paulo Bassani é cientista social
** Gabriel Barbosa Bassani é geógrafo
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