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domingo, 7 de maio de 2023

 






                             Folha de Londrina - Espaço Aberto,  07/05/2023, pág. 02

                                                Londrina - Paraná - Brasil


Apreender a pensar a dialogar para a vida*


Antes de apreender qualquer coisa necessitamos apreender

a pensar. Este é um dos fundamentos para tentar estabelecer

aproximações sobre nossa condição humana nesta alta

modernidade. Uma atitude necessária para ingressar num tempo

de vivência, esperança, de que o amanhã possa ser melhor do que

foi no passado. Se não soubermos minimamente como funciona

nosso cérebro para o uso da nossa capacidade de pensar, de

imaginar e de criar não podermos avançar numa cultura

democrática de alto teor, associada a uma cultura sustentável tão

necessária ao nosso tempo.

Esses dois conceitos, Cultura Democrática e Sustentável,

são elementos fundamentais da vida moderna. Tem tudo haver

com o novo, com o amanhã que ainda não existe por completo e,

que nessa condição necessita ser criado, e recriado, para tanto

necessitamos do pensamento, do exercício constante da

imaginação criativa que nos impulsiona a ser melhores, a fazer

melhor do que fomos e do que fazemos.

Este tempo/espaço do pensamento/reflexão/ação, somente

emerge com o tempo, associado à leitura, reflexão, diálogos,

debates, escrita, compromissos, atitudes, comportamentos e

hábitos. Antes, porém, pensar e debater qual o pensamento que

nos levou até aqui e, qual o pensamento e conhecimento que vai

nos orientar daqui para frente. Enormes serão os desafios que

teremos que enfrentar! Estes serão esclarecidos e tratados, se

abrirmos espaços para outros saberes, deixarmos de lado a

forma como o sistema hegemônico nos condiciona, aliena e

atrofia, para que outros saberes, saberes que não sabemos,

desconhecemos possam entrar em cena.

Nesse sentido trata-se olhar, estar atentos no que está

acontecendo mundo afora. Entretanto não podemos apenas ser

influenciados pelo imediato, pelo conhecido, pois talvez já não

sejam suficientes, já não dão conta, não possuem mais muito a

dizer, a nos ensinar. Leonardo Boff nos lembra “das sombras do

norte só temos visão de passado e não de futuro”. Zygmunt

Bauman nos diz que na sociedade líquida, que estamos inseridos,

há precarização, a incerteza, a inconsistência, a falta de vínculos

e a expansão dos medos sobre a atualidade e o que há de vir. E

que o projeto em curso desta sociedade vigente renega a

possibilidade emancipatória firmando-se como um instrumento

de domínio.

Por isso que o futuro começa aqui e agora, no desafio de

conhecer quem somos de fato, quais nossos potenciais, nosso

território para que ao aprofundarmos nossa noção de

pertencimento e de potencialidades humanas, que numa leitura

global consigamos estabelecer as traduções para nossa

territorialidade de vida.

No geral, não temos o hábito de ouvir o pensamento crítico,

principalmente nesse tempo de redes sociais, nela não circula o

pensar crítico, nela circula informações rasas, curtas,

preconceituosas e muitas vezes mentirosas. Tornamos-nos

intolerantes, normalmente presos as coisas tradicionais, aos

axiomas morais e religiosos com interpretações conservadoras e

duvidosas. No qual se apegam a estruturas valorativas do

cotidiano, do sofrimento das pessoas, e, que ignoram estruturas

críticas de uma sociedade que gera esse sofrimento e sua

manutenção.

Por conseguinte, nosso pensar reside, em grande medida,

em exercitar os sonhos, as utopias coletivas, não há nada melhor

para pensar o futuro e ai ir experimentando as formas que

precedem esta chegada, assim moldamos, ajustamos, os caminhos

possíveis ao andar. Lembrando que o futuro sempre será um

construto, nunca uma determinação pronta e acabada. Nesse

caminhar, necessitamos compreender a teia da vida que nos

cerca e que fazemos parte, em todas as suas manifestações.

Desta feita ninguém ficará fora deste projeto de atitudes,

comportamentos e hábitos necessários. Que no pensar, no agir

sejam cultivados modelos que sirvam para muitos e não para

poucos, porque este formato já se encontra instalado, já sabemos

onde nos levou.

Imagino um tempo/espaço onde possamos sentar numa

grande mesma mesa redonda, se possível, olho no olho, para que

todos possam ver ouvir e se manifestar. Nessa perspectiva

recuperar e reaprender a pensar, a dialogar, numa revolução

cultural de educativa e conscientizadora. Para suscitar isso,

serão necessárias mentes abertas, lúcidas, e muita coragem,

construindo um entendimento, uma visão de mundo global e local

a curto, médio e longo prazo.


*Paulo Bassani é Cientista Social, Escritor e Prof. Universitário.

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