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quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023




 Breve vivencia árdua desumanidade*

 

Somos uma espécie, os seres humanos, com um pouco mais de 200 mil anos de experiência, pouco para a história da vida e muito pouco para a história planetária, e que dizer das origens do universo.  Porém nos últimos 400 anos, de forma acelerada mudamos completamente nossa compreensão de mundo e de nossa ação sobre ele. O paradigma construído foi do regime de racionalidade moderna capitalista que, passou a governar a vida, determinando sua lógica a todo tipo de vida no planeta. Com uma força tal que determinou uma vontade de domínio, poder sobre a natureza e sobre os homens.

Esta é uma racionalidade contrária a condição humana. Uma racionalidade econômica, que objetiva uma redução de vida, um pragmatismo condicionado pela capacidade de produção no sistema. Isso predominou e, predomina no logos humano, separando das condições do ser humano e da vida. Algo que vem do cartesianismo, que se constitui um momento fundacional desta compreensão e deste modelo, como forma única, nada é possível fora dele,  sua lógica central, apesar de estabelecer intensidades diferenciadas confunde, muitas vezes, nossa leitura, nossa interpretação,

O que estamos levantando, neste ensaio, são as diferenças entre a ontologia do capital e a ontologia da vida. São coisas completamente diferentes! Há um conflito fundamental.  A ontologia do capital nos coloca a objetivação, a quantificação, a acumulação, coisificado, uma racionalidade fria, calculista. E por outro, a ontologia da vida, da diversidade de que somos formados, com sua sensibilidade, empatia, e respeito.

 Numa breve ilustração, de forma simplificada, podemos dizer assim como o capitalismo cooptou a modernidade, o mercado cooptou a democracia. Percebemos que num primeiro momento, a modernidade como projeto de mundo, nasce com princípios de liberdade, igualdade e fraternidade. O que chega, e se instala, nesta decorrência determinará essa liberdade aos burgueses, ricos, igualdade na forma de estabelecer as leis de domínio e subjunção (exploração, subordinação, expropriação), e a fraternidade foi transformada em assistência social, ajuda esporádica aos pobres, como um desencargo de consciência. Esta ilusão de pregar a liberdade e igualdade através do trabalho, produção e do consumo tem sido uma propaganda ideológica do capital que se expande de forma crescente e ampliada, modificando-se pela produção e especulação financeira. Passa a idéia, como validade de vida, de que somente através do crescimento econômico é que as liberdades, as igualdades e as fraternidades irão ocorrer. Estamos no aguardo!

Pelo que sabemos o liberalismo, que hoje comanda a economia, somente gera lucros em condições de monopólios, onde a concorrência é falsa, pois há um grande acordo das grandes riquezas para que se determinem valores, normas, procedimentos, crenças morais. Uma concorrência sem concorrência, uma jogada de poder. Onde o estado democrático liberal permite como legitima esta forma. Por exemplo, há uma política de salário mínimo, não há salário máximo e nem taxação sobre grandes fortunas, os impostos diretos e indiretos incidem com maior rigor sobre quem trabalho. Os ganhos não possuem limites, o estado não intervém nesse processo, ele garante este cultura. O estado, no geral, garante o estado antidemocrático no sentido social, ambiental e econômico. Não estabelece uma reforma tributária profunda, não limita os ganhos dos bancos, não estabelece controle social dos ganhos de capital especulativo. É preciso saber que salário não é renda, salário é para manter-se vivo para comprar e pagar os bens necessários para viver.

Na democracia que ocorre através do voto trata-se de colocar no poder alguém que nos represente, isto é democracia representativa. Isso se traduz através do mercado, onde com veemência usa o dinheiro para a compra de votos e manter o poder sob controle. O poder em curais eleitorais compram votos, fortalecendo o sub-mundo do crime. Estimulando a falsa crença de que pobre não tem a vocação de comando, de lidar com a política. Para tanto sistemas democráticos necessitam de muito amadurecimento para ingressar num tempo de justiças, equilíbrios, equidades entre economia e sociedade, entre capital e trabalho, entre sociedade e meio ambiente.  


*Paulo Bassani é cientista social, escritor e prof. universitário

22/02/2023 - Santo Antônio da Platina -PR  (Artigo)

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