Ser crítico e humanista*
Lutar, resistir, despertar, pensar, sempre e não
devemos nos contentar com o que existe, devemos buscar sempre melhorar o mundo
ao nosso redor, para que se torne um lugar melhor para viver a tudo e a todos
que formam a grande teia da vida.
Gonzaguinha, grande compositor e cantor, que com
muita sensibilidade, nos deixou um belo legado, principalmente para nossa
juventude, que chamava de rapaziada, no seu disco “Sementes do Amanhã” com
poesia e paixão expressou a seguinte mensagem, pertinente para pensarmos o
tempo que vivemos hoje, dizia: “ontem um
menino que brincava me falou, hoje é a
semente do amanhã, para não ter medo que esse tempo vai passar. Não se
desespere e nem para de sonhar. Nunca se entregue nasça sempre com as manhãs.
Deixe a luz do sol brilhar, no céu de seu olhar. Fé na vida fé no homem fé no
que virá, nós podemos tudo, nós podemos mais. Vamos lá fazer o que será.”
Ser sementes do amanhã
é o desafio, é sem dúvida uma grande oportunidade para expressar esse potencial
que nós seres humanos temos. Mas como avançar se as amarras instrumentais de
nosso tempo nos fazem reféns e puxam para traz?
No cotidiano superar a
ausência de diálogos, pelo contrário buscar sua ampliação, pois esses se fazem
necessário e com eles as decisões concretas no encontro de equilíbrios entre os
avanços técnicos científicos, os direitos sociais, humanos e a conservação da
natureza. Isso para definir um traçado mínimo de modelos sócio econômicos,
cultural, político e ambiental possíveis.
Se o caminho
democrático é o meio mais viável para concretizar tais conquistas, então vamos
aperfeiçoar o gesto democrático. Não de uma democracia eleitoral e que atenda
aos interesses do mercado que comanda a troca de poderes para manter tudo e
sempre igual. A democracia amadurece quando rompe esta miopia enganatória da
supremacia econômica e amplia a noção e
visibilidade social, humana e ambiental.
Pensamos e imaginamos
uma narrativa democrática que ultrapasse as convenções em curso, propondo
avanços, novos formatos. Neste sentido há necessidade de abandono de uma
democracia de baixa intensidade, baixa densidade para conquistar uma democracia
de alta intensidade, com densidade participativa, colaborativa e distributiva.
Que contemple todo seu território, sua população, sem privilégios de segmentos
populacionais e nem tão pouco regionais onde todos são tratados e contemplados
no rol de uma cidadania emanciatória.
Mas estas ainda são
conquistas ao longo da caminhada. Elas terão que emergir pela abrir fronteiras.
Talvez, num primeiro momento, não
identificaremos como novas concepções, pois delas nada conhecemos nada sabemos.
Se soubermos, elas não são novas, são fatos encobertos pela película do
novo. E estas têm força de apresentar-se com realidade ilusória que
nos envolve nos atrai, nos contamina, nos engana. Talvez tarde seja, porém
ainda a tempo, de superar esta falta de autenticidade, pela aparência do engodo
repetitivo de uma derme enfeitiçada apresentando-se como camaleão.
Entendemos
que será laboriosa essa reconstrução, pois velhos materiais estão aí postos
como os únicos para a edificação. Necessitamos definir, no caminhar, estes
novos formatos e dispensar materiais antigos e utilizar outros artefatos e
criar e inovar outros tantos. Assim podemos, assim caminhamos, sem um destino
definido, porém, com experiências da condição humana que nos conduziu até aqui
definidas pela razão, agora acompanhada pela sensibilidade de um coração que
sangra que foi e é marca de nossa espécie.
*Paulo Bassani é cientista social, escritor e
prof. universitário
Folha de Londrina - Espaço Aberto, pág. 02, 28/11/2022
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