Série
Poemas Contemporâneos
31/12/2024
Findar
do ano*
Nessa tarde de dezembro
Perto do findar de mais um ano
Para e penso os meses que se foram
Os meses vividos, o tempo alastrado
As lutas travadas, as buscas,
As perdas, as conquistas,
Os sonhos apagados, sonhos alcançados
Desejos coibidos, sorrisos perdidos.
Nesse rabisco andante percorrido
Pelas quatro estações demolidas
Novos conhecimentos, ensaios
Experimentos e encantos.
Em alguns escritos relatam as idéias
Refletidas na observância do cotidiano.
E também decepção e desencantos.
Das somas e subtrações há um pedaço vivido
De marcas passadas, de marchas perdidas.
Entre a justeza de lá e de cá
Houve brilho e escuridão,
Convivi com amizades e hipocrisias
Do sincero abraço a decepção.
Tentei caminhar em trilhas
desconhecidas
Percorri por vielas perigosas
Numa aventura insegura
Senti muita sede pelo caminho
E o calor alucinado pertinho.
Os princípios e valores enraizados
Há muito anos em minha alma marcados.
Choca-se com experiências vividas
Das utopias vagueantes pela estrada
Dos sonhos perdidos nas esquinas
Somos todos peregrinos e errantes.
Atordoado da longa jornada
Permaneço atento no final da tarde
À noite me disperso, cego e perco
Até o amanhecer despertar por encanto.
“O tempo não para” dizia o poeta Cazuza
Tentei parar por algum tempo
Nas certezas de minha obscuridade,
Percebendo com atenção o trajeto
De nada retive das conquistas
Onde a ilusão atormenta e revela.
A roda gira e retira o tempo
Ficou nela a marca traçada.
De um ano que acabou,
Do tempo que passou.
E na memória se apagou.
*Paulo Bassani