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quarta-feira, 24 de janeiro de 2024


Série 
Pensar e reconhecer
III



 

Dissonância entre o cálculo econômico e a vida*

 

Hoje faz-se necessário realizar  uma análise filosófica e científica sobre a distinção fundamental entre o cálculo econômico e mercadológico e as complexidades intrínsecas à vida e à natureza. Nesta exploração, mergulhamos na filosofia e nas ciências naturais e humanas, para compreender as implicações dessa dissonância.

O chamado para entender que o cálculo econômico não é o mesmo que a vida e a natureza ressoa com preocupações filosóficas existencialistas. Nesse sentido Martin Heidegger em seu “Ser e Tempo”,  aborda a essência da vida e da natureza como algo que não pode ser plenamente compreendido ou controlado por categorias e cálculos econômicos. A fenomenologia, ao destacar a experiência direta da existência, ressalta a inadequação de reduzir a vida a números e estratégias de mercado.

Da perspectiva ética, a filosofia ambientalista argumenta que a natureza possui um valor intrínseco além de sua utilidade econômica. Pensador como Aldo Leopold defendem uma ética da Terra, que reconhece a interconexão e interdependência entre todos os elementos da natureza, indo além da lógica estritamente econômica que comanda de forma hegemônica nossas passadas nessa modernidade.

No campo científico, a economia ecológica oferece uma visão interdisciplinar que questiona as premissas do cálculo econômico tradicional. Ela explora como as atividades econômicas impactam os sistemas naturais e como as limitações ecológicas devem ser consideradas para garantir a sustentabilidade substantiva que exige diálogos de saberes, formas horizontalizadas de poder e equilíbrio em todas as relações construídas.

A biologia contribui para essa reflexão ao explorar os ecossistemas como sistemas complexos interconectados. Essa abordagem científica reconhece que a vida e a natureza não podem ser completamente compreendidas por meio de modelos econômicos simplificados, exigindo uma compreensão holística das redes ecológicas.

Ao integrar essas perspectivas filosóficas e científicas, emerge uma compreensão mais profunda da dissonância entre o cálculo econômico e a complexidade da vida e da natureza. A filosofia destaca a necessidade de uma abordagem e respeitosa e cuidadosa em relação à existência, enquanto as ciências oferecem ferramentas para analisar os impactos tangíveis dessa dissonância na biosfera planetária com todos seus ecossistemas existentes.

 Fica desta medida, a compreensão definitiva de que o cálculo econômico não é equivalente à vida e à natureza exige uma síntese entre a sabedoria filosófica e as descobertas científicas. Esta integração pode guiar a busca por modelos econômicos sustentáveis, éticos e alinhados com as complexidades inerentes à existência na Terra, nossa Casa Comum, bela rara e frágil.

*Paulo Bassani é cientista social

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