Dissonância entre o cálculo econômico e a vida*
Hoje faz-se necessário realizar uma análise filosófica e científica sobre a
distinção fundamental entre o cálculo econômico e mercadológico e as
complexidades intrínsecas à vida e à natureza. Nesta exploração, mergulhamos na
filosofia e nas ciências naturais e humanas, para compreender as implicações
dessa dissonância.
O chamado para entender que o cálculo
econômico não é o mesmo que a vida e a natureza ressoa com preocupações
filosóficas existencialistas. Nesse sentido Martin Heidegger em seu “Ser e
Tempo”, aborda a essência da vida e da
natureza como algo que não pode ser plenamente compreendido ou controlado por
categorias e cálculos econômicos. A fenomenologia, ao destacar a experiência
direta da existência, ressalta a inadequação de reduzir a vida a números e estratégias
de mercado.
Da perspectiva ética, a filosofia
ambientalista argumenta que a natureza possui um valor intrínseco além de sua
utilidade econômica. Pensador como Aldo Leopold defendem uma ética da Terra,
que reconhece a interconexão e interdependência entre todos os elementos da
natureza, indo além da lógica estritamente econômica que comanda de forma
hegemônica nossas passadas nessa modernidade.
No campo científico, a economia
ecológica oferece uma visão interdisciplinar que questiona as premissas do
cálculo econômico tradicional. Ela explora como as atividades econômicas
impactam os sistemas naturais e como as limitações ecológicas devem ser
consideradas para garantir a sustentabilidade substantiva que
exige diálogos de saberes, formas horizontalizadas de poder e equilíbrio em
todas as relações construídas.
A biologia contribui para essa reflexão
ao explorar os ecossistemas como sistemas complexos interconectados. Essa
abordagem científica reconhece que a vida e a natureza não podem ser
completamente compreendidas por meio de modelos econômicos simplificados,
exigindo uma compreensão holística das redes ecológicas.
Ao integrar essas perspectivas
filosóficas e científicas, emerge uma compreensão mais profunda da dissonância
entre o cálculo econômico e a complexidade da vida e da natureza. A filosofia
destaca a necessidade de uma abordagem e respeitosa e cuidadosa em relação à
existência, enquanto as ciências oferecem ferramentas para analisar os impactos
tangíveis dessa dissonância na biosfera planetária com todos seus ecossistemas
existentes.
Fica desta medida, a compreensão definitiva de
que o cálculo econômico não é equivalente à vida e à natureza exige uma síntese
entre a sabedoria filosófica e as descobertas científicas. Esta integração pode
guiar a busca por modelos econômicos sustentáveis, éticos e alinhados com as
complexidades inerentes à existência na Terra, nossa Casa Comum, bela rara e
frágil.
Nenhum comentário:
Postar um comentário