Santo Antônio da Platina - PR, 13/04/2023 - Artigo
Por
onde ir*
Trata-se por falhas o entendimento
que necessitamos fechar portas por onde entra a violência, a estupidez, a
morte, a guerra, a fome, o desemprego, a destruição ambiental, entre outras. Vivemos
tempos difíceis para os sonhos, para as utopias, pois a brutalidade em voga tem
bloqueado as boas perspectivas. As constantes reformas do sistema hegemônico
com uso de novas terminologias encaminhamentos como inovação, empreendedorismo,
sustentabilidade adjetiva, teologia da prosperidade, governança, são formas que
estabelecem prolongamentos que impedem sonhos-utopias críticas. Juntando-se aos
pessimistas, os conservadores, os reacionários todos estabelecem bloqueios, engessam
em seus tempos, seus espaços, suas instituições, suas crenças, seu moralismo,
seus interesses.
Todos fecham as porta para o amanhã,
pois entendem este, apenas como um prolongamento do que existe aperfeiçoado.
Mantêm abertas as mesmas portas, para os mesmos percursos, para os mesmos
passarem, sendo que muitos outros ficarão retidos, assim é a história para eles.
Não pensamos dessa forma, tratamos de abrir
portas para os sonhos-utopias alternativas, pois há um amanhã a ser construido.
Estes somente acontecem com pessoas sensíveis, abertas, solidárias para com a
vida e a natureza. Trata-se de pessoas que a creditam em democracias de alto
teor, em trilhar passos sustentáveis substantivos já percorridos e, outros
tantos, ainda a descobrir. O que se coloca,
neste teor, diz respeito às utopias libertadoras e emancipatórias ao mesmo
tempo e, não simplesmente reproduzir idéias econômicas e sociais conservadoras,
que simplesmente radicalizam o presente como se referia Boa Ventura de Souza
Santos. O Autor comenta que “uma via
nova não é fácil, porque às vezes temos de encontrar o que é semelhante, e o
semelhante é um ponto de partida, não de chegada” (P.54, Renovar a teoria...) O
que é semelhante na trajetória humana tem demonstrado potencial organizador,
articulador de princípios e fundamentos de equilíbrio, equidade, sensatez. Sobre
essas bases podemos assentar uma civilização, um novo ponto de partida que
todos nós conhecemos de uma forma ou de outra, mas que devido aos processos
violentos na dimensão objetiva e subjetiva não possibilitou, até o momento, a
humanidade reconhecer ser por aí um trilhar possível.
Vivemos um momento de
aprendizagens, de exercícios de ideais libertadores em todas as dimensões.
Preparar através do estudo, do ensino do pensar sobre que portas são possíveis
ao amanhã ser percorrido com um nível de segurança, prudência, decência e
solidariedade. “É preciso conversar
muito mais, dialogar muito mais, buscar outra metodologia de saber, de ensinar,
de apreender” (BSS, p.57 Renovar a teoria...) Buscar nos diálogos, trocar
ideias e experiências é algo que devemos ir à busca. Sem esquecer que os
cientistas sociais tem se preocupado em decifrar as leituras e experiências do
passado poucos tem se dedicado a pensar e decifrar o futuro. É necessário
ingressarmos nessa fase preparatória para que possamos fertilizar na
criatividade e no exercício das utopias críticas identificarmos sinais, pistas
por onde passamos trilhar, sem as certezas do passado, mas com angustia
conhecedora do futuro.
O que esta em debate é a garantia
da continuidade da vida neste planeta em condições minimamente aceitáveis no
ponto de vista das relações humanas, de maneira geral e, no ponto de vista da
natureza no qual necessitamos. Não parece ser impossível pensar um novo mundo,
pois temos essa condição que sempre nos acompanhou desde os primórdios da
humanidade, em alguns momentos ela tem se manifestado de forma isolada, em
outros tem se resignado diante de tanta insensatez. Mas as oportunidades
continuam a existir em nossa frente.
*Paulo Bassani é
cientista social, escritor e prof. universitário
Nenhum comentário:
Postar um comentário